O que é essa maldição? Eu penso comigo mesmo como poderia ter sido tão feliz e, ao mesmo tempo, tão cruelmente torturado. Quando eu a vi passar pelos campos do castelo, me impressionei com a beleza que deixava o próprio Sol envergonhado. Quando estava de vigia na torre, a via em confidências com a Lua. Os pássaros, corvos e corujas pareciam render-lhe graças. Em um dia de outono, minha espada se mostrou útil. Atacada enquanto caminhava pela estrada real, seus guarda-costas, eunucos, rapidamente foram derrotados por uma vil criatura. Eles não tinham o que era preciso para defendê-la. Eu a vi por acaso, quando retornava de meu treino matinal com a espada, ao lado de meu fiel pai. Meu pai, guarda real de confiança de um nobre conde, foi o primeiro a pressentir o perigo e a se dispor a ajudar. Eu não tinha tanto fôlego, mesmo sendo mais jovem, pois ele defendia a nobreza com um espírito incorruptível. Para ele, os nobres eram passageiros, mas a realeza parecia ser um estado de espírito per...
Que ano intenso! Desde a minha última cartinha, muita coisa
aconteceu. Eu ainda me recordo do dia em que o vidro que separava minha baia,
da baia das cobras, se quebrou e elas tentaram invadir o meu lar. No momento em
que o cientista me salvou e me colocou seguro em uma baia distante. No momento
em que o cientista ergueu mangustos e um velho caranguejo para mover as cobras
de volta para seu covil. Quanta coisa aconteceu!
Nesses dias turbulentos, eu fiquei em dúvida sobre o agir do
cientista. Foi aí, durante meus pensamentos, minhas reflexões diárias sobre se
o cientista seria bom ou mau, que eu descobri um antigo livro e o li. Aquelas palavras
me iluminaram sobre a real essência do cientista, pois estava escrito: “Eu
formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço
todas estas coisas.” (Isaías 45:7). Eu não entendi bem, mas senti em meu
coração que o cientista estava assim definido. Não dava para dizer que ele era
mau ou bom, ele era, e é, apenas o cientista. Uma entidade que me defendeu, que
me protegeu e me livrou das víboras.
Eu ainda precisei me mudar de baia novamente, pois adoeci.
Tinha muito doce no meu sangue e precisei estar em uma baia especial para
cuidar da minha saúde. Eu estava gordinho, precisei emagrecer e nessa nova baia
tinha a ajuda necessária. Então, eu me mudei para uma baia gigantesca, cheia de
outros bichinhos e todos cuidando de suas vidas de maneira intensa e vibrante.
Eu fiquei espantado com a nova baia. Nela, conheci gaviões que me ensinaram a
perder peso. Precisei deixar de comer meus docinhos. Perdi peso! E como gostei
dessa nova baia.
Nesse intermédio, o caranguejo velho foi até a baia em que
as cobras estavam para reivindicar o meu espaço de volta. Não deve ter sido
fácil, mas ele conseguiu que as víboras recuassem ainda mais. Elas foram
derrotadas novamente e o caranguejo retornou a mim com as chaves da minha
antiga baia. As víboras perderam por completo. A baia que elas tanto almejavam
conquistar, que era o meu lar, voltou a ser minha.
Essa foi a cartinha mais agradável de se escrever, pois nela
contêm muitas vitórias. Estou em uma baia incrível, com meu lar recuperado e
com saúde. O caranguejo irá me contar detalhes da luta que ele teve com as
víboras e os mangustos ainda estão de prontidão para fazer justiça. Eu só tenho
que agradecer ao cientista. Então, essas
foram as últimas novidades aqui dessa baia.
Com muito carinho, eu te escrevo estas alegres letras.
Beijos de seu ratinho!
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