Patrick Raymundo de Moraes- jornalista profissional (3241/DF), membro da Real Academia de Letras do Brasil, Ordem da Confraria dos Poetas e membro com associação colaborativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Literatura, Direito, Análises, Críticas, Poemas e Quadrinhos! Errando sempre, mas sempre em frente!... This blog uses cookies from Amazon, Google, Blogger, Double Click and Gravatar.
Humor sombrio para hoje! Acredito que o humor ácido seja interessante para quebrar a monotonia. O primeiro quadrinho é inédito e foi feito com o Toondoo. O segundo quadrinho, com comipo, é ácido também, por isso o uso para complementar a acidez do quadrinho mais recente.
Toondoo
Comipo
Semana que vem é a última semana com atualizações. No quesito quantidade, este ano superou o meu melhor ano, então, acho que vou dar uma descansada. Os textos da semana que vem já estão prontos e irão ao ar normalmente. O tema da semana que vem será o sobrenatural, com um conto, um poema e um quadrinho. Não haverá vídeo. Vou dar uma pausa nos vídeos, pois eles não alcançaram objetivos. Poucas visualizações (menos de 10% do que recebo normalmente no blog) e nenhuma curtida.
O haikai acima demonstra como um amor altera o destino. A cena que mais se aproxima deste sentimento é a que Diana desenhou. A despedida de Kenshin e Kaoru na série clássica de Samurai X (Rurouni Kenshin). Neste arco, o amor que o Kenshin sente pela Kaoru o mantêm vivo, mesmo pelas diversas batalhas que ele enfrenta pelo caminho! Uma cena emocionante. Recorde-a abaixo:
Em 22 de julho de 2014, dei início à minha lista de
favoritos para a Temporada de Verão 2014 (clique)
e, apoiado pela ideia de que a simplicidade dá grandes roteiros, optei por
avaliar as séries desta temporada segundo este quesito. E a simplicidade não é
assim fácil, ou óbvia. No texto “Exemplos de áreas cinzas”, escrevi o que um roteirista entendia sobre a construção
de roteiros:
“As
grandes ideias não funcionam. Comece com uma ideia pequena que possa ser
expandida. Com a saga dos filmes Bourne, eu nunca li os livros (uma trilogia de
Robert Ludlum), preferi começar do zero. A premissa simples do personagem Jason
Bourne é: ‘eu não sei quem sou, nem de onde venho, mas talvez eu possa me
definir através do que sei fazer’.
Construímos todo um universo a partir desta pequena ideia. Isso começa
modestamente e vai sendo construindo passo a passo. É assim que se escreve um
filme para Hollywood” (Tony Gilroy).
Em outras palavras, comece simples, com uma ideia singela e
depois a evolua gradualmente. Para Clarice Lispector, “que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito
trabalho”. Pensei, então, em realizar duas listas, pois percebi uma coisa:
uma área cinza pode ser simples também. Esse pensamento perturbou a ordem deste
TOP, portanto, optei por criar duas classificações. A primeira classificação é
a de roteiros simples, sem áreas cinzas. A segunda classificação é a de
roteiros com áreas cinzas simples, ou seja, áreas cinzas que não alteraram
significativamente a ordem da história, fazendo-a permanecer em uma ordem
narrativa direta. Serão apenas 3 classificados por ordem.
Sinopse CR: “Não importa como olhemos, ela sempre vai
parecer uma menina comum. Sem qualquer tipo de talento especial para os
esportes, para as artes ou para os estudos. Apenas uma menina normal. É assim
que Naru Sekiya é, a menina comum que vive à sombra de sua grande heroína, a
linda e perfeita Yaya Sasame. Até que, numa noite de lua cheia, Naru encontra
uma fada, uma linda menina que a convida ao maravilhoso e desconhecido mundo da
dança yosako”.
Essa série poderia tanto estar aqui, quanto na outra lista
que se segue abaixo. Decidi coloca-la aqui, pois as áreas cinzas que se
apresentam na série são restritas a pequenos arcos, ou capítulos, não
interferindo significativamente no desenrolar da história.
O primeiro lugar justifica-se pela construção de enredo com
os “personagens transformadores” que tanto aprecio. Para quem não acompanha meu
blog, um personagem transformador é aquele cuja existência interfere
diretamente no destino, ou ambiente, de outros personagens. Essa interferência
ora é benéfica, ora é maléfica. Em resumo, ele transforma a vida dos
personagens ao seu redor. Para Hanayamata, nós temos personagens
transformadores benéficos, isto é, personagens que alteram para melhor a vida
de outros personagens. Essa alteração promove amadurecimento dos mesmos.
Hana altera o destino da Naru, que altera o destino de Yaya
e assim por diante, em uma cadeia de transformações. Essas transformações
ocorrem, pois existem traumas e medos que promovem fraquezas. Estes medos são
decorrentes do passado das personagens e ficam ocultos (áreas cinzas) até que
seja necessário ao enredo contar. Ao ser contada, a história transforma-se pela
participação do personagem transformador que ajuda a outra personagem a superar
o medo, a fraqueza ou a dor que ela sente.
Como suspeitei que a história iria dialogar com a audiência,
mostrando-a como a vida poderia ser bela, pelo amor à tradição, e às amizades,
o personagem transformador não poderia faltar, pois é através dele que o autor
dialoga com o íntimo dos personagens e, também, com o íntimo do espectador que, porventura, esteja passando por problemas semelhantes. Isso enriquece o roteiro
de maneira a deixar a série muito próxima
de nossos corações. Merece o primeiro lugar.
Sinopse CR: “Nanako é uma colegial que se torna a estrela em
sua cidade a pedido de seu tio. Na companhia de Yukari, sua colega de classe
linda, maravilhosa, perfeita e totalmente cabeça-oca, Nanako embarca na
carreira de estrela juvenil e dá entrevistas, aparece na televisão a até faz
show! Tudo dentro dos limites de sua pequena cidade, claro.”
Um roteiro genial, pois sua premissa não é apenas uma
história sobre ídolos locais, ou Locodols, mas sobre uma cidade pequena no
interior de Hiroshima. Uma cidade chamada Nagarekawa. Fui procurar no Google o
distrito (veja-o aqui).
Através do enredo cômico, sobre garotas que são escolhidas para formarem um
grupo de locodols, eles acabam por difundir a região. A mensagem por detrás do
roteiro torna-se clara: difusão da cidade e alguns costumes da região. Para
tanto, as ídolos promovem a região em festivais e aparições na televisão. O roteiro, então, chama a atenção para a cidade.
Não existe uma única área cinza aqui, mas existem problemas
de estrutura. O distrito existe, mas é diferente do que se prega no animê.
Nagarekawa é conhecido como um distrito boêmio, mas no animê é mostrado como
uma cidade tranquila. Talvez o enredo tenha a intenção de mostrar o outro lado
de Nagarekawa que não é difundido, assim como sua população local, mas por não
mostrar isso claramente dá a impressão de que a cidade é diferente.
Por outro lado, algumas tradições foram difundidas de
maneira interessante. Fui procurar o Deus Billiken e vi que ele existe e é um
amuleto de sorte em Osaka também. Segundo o Waymarking:
“The
Billiken originated in the United States by an art teacher Ms. Florence Pretz
in 1908. Its popularity grew and soon enjoyed worldwide celebrity. The
billiken, as a good luck charm, appears multiple times in the Vivien Leigh and
Robert Taylor movie Waterloo Bridge. At least two Billiken-themed songs were
recorded, including "Billiken Rag" and the "Billiken Man Song.
Throughout Japan representations of the Billiken were enshrined. The Billiken
was a star in Sakamoto Junji's 1996 comedy Billiken in which the statue is
restored to the Tsutenkaku in an effort to revive the popularity of the tower
and save Shinsekai. Today you can see statues of Billiken in many places. It is
also used as a Mascot for sports teams such as the Saint Louis University, you
can see a statue at the university”.
Por causa disso tudo: estrutura simples, personagens fofas,
história cômica, difusão de cultura e tradição, a série ganhou o segundo lugar
deste TOP.
Sinopse CR: “Sakura Chiyo é uma menina do ensino médio que
tem uma caidinha por Nozaki Umetarou, mas quando ela declara seu amor, ele a
confunde com uma fã e lhe dá um autógrafo. E a confusão não para por aí! Quando
ela diz que não pode viver sem ele, Nozaki a convida para sua casa, mas como
sua assistente. Ele, na verdade, é o famoso mangaka Yumeno Sakiko, autor de
renomados mangás shoujo”.
Um enredo que caminha em um trajeto reto. Não existe uma
sombra sequer de alteração em suas linhas. A genialidade consiste no enredo
comparar as situações vividas pelos personagens, com histórias shoujo (romance
para garotas) criadas pelo Nozaki. Quando Nozaki precisa de inspiração para
suas histórias e personagens, ele frequentemente recorre aos seus amigos e
escola. Com isso, podemos ver como fica a história pelo olhar shoujo e pelo
olhar da comédia seinen. Considero Gekkan Shoujo Nozaki-kun uma comédia
ingênua, porém madura, sobre a criação de mangás.
Ficou em terceiro lugar, porque o romance sequer existiu.
Foi apenas uma justificativa para a Chiyo entrar na equipe de criação de mangás
do Nozaki e começar a história de paralelos e comparações entre shoujo e
comédia seinen. Todavia, acredito que isso baste, pois a comédia é realmente o
ponto forte desta série.
Sinopse CR: “Kotaro está pobre. Isso o força a viver num
pequeno apartamento por 5 mil ienes por mês que, pelo lado bom, ele não precisa
dividir e pode desfrutar da liberdade, mas pelo ruim, ele precisa compartilhar
com uma linda fantasma que não permite que ninguém more nele e vive tentando
expulsá-lo de lá. Não só isso: além de mal-assombrado, o apartamento vira o
campo de batalhas de garotas mágicas que lutam pela paz e pela justiça e por
toda a sorte de garotas!”
A ideia central possui uma história singela, mas que
respinga nela algumas áreas cinzas. Não afetaram drasticamente o enredo, nem
mudaram o final de uma hora para outra, então, estas áreas não foram
significativas e entra direitinho na construção de áreas cinzas simples.
A mensagem que mais me chamou a atenção neste roteiro é a de
que estranhos podem formar uma família. Imaginem uma garota do submundo, uma
princesa alienígena, uma fantasma, uma mahou shoujo, uma humana e um carinha
chamado Kotaro. Mais estranhos uns aos outros não poderia haver. No entanto,
durante o desenvolver da trama, eles acabam por criar laços uns com os outros e
a disputa pelo apartamento acaba perdendo gradualmente a força entre eles. Há
uma união. Há a formação de uma família.
E não somente isso, mas uma personagem me chamou a atenção.
A Yurika recebe um bullying muito estranho, pois ninguém acreditava, até alguns capítulos atrás, que ela pudesse ser uma mahou shoujo (garota mágica) e, no
entanto, ela é. É meio ilógico o pessoal aceitar o fato de que existam
alienígenas, pessoas da terra e fantasmas, mas não acreditar em mahou
shoujo.
E isso é parte do problema que ela enfrenta. Por ser
insegura, ela é a personagem que mais supera seus limites na série. Todo
capítulo ela se supera de alguma forma. Ela enfrenta estes três problemas: a
descrença que ela é uma garota mágica, sua própria insegurança e desmotivação
pessoal. No entanto, ela ajudou no resgate da Sanae, ajudou na cura da Sakuraba, enfrentou outra mahou shoujo, lutou pelos seus amigos e, tudo isso, sem levar
muita fé em si mesma. É uma personalidade muito diferente e que gostei dela pela mensagem de superação. E ela faz isso sem cair lágrimas de nossos olhos com algum dramalhão. Simples, suave e discreto.
Outro ponto a se observar no enredo é que um roteiro tão simples, que pode ensinar que a diferença
cultural não pode afastar as pessoas, e que se houver respeito entre eles, até
um território pequeno pode ser dividido de maneira pacífica, merece destaque. Pode servir de
alusão e metáfora para ensinar aos pequenos a partilha adequada. Somente isso
já prova valor para estar aqui. E como o roteiro teve a tendência a estar em
uma linha reta, simples e eficiente, apesar de algumas áreas cinzas (como essa
história do Cavaleiro Azul), vai ficar aqui em 1º lugar e o quarto lugar para a
história da disputa pelo quarto. Sim, depois dessa piada, eu me demito como
comediante!
Sinopse CR: “Em um futuro próximo, foi lançado um Jogo de
Realidade Virtual em Massa para Múltiplos Jogadores Online (VRMMORPG) chamado
Sword Art Online, onde seus jogadores controlam seus personagens com o próprio
corpo usando um dispositivo tecnológico chamado: NerveGear. Um dia, os
jogadores descobrem que não podem sair do jogo, pois o criador do jogo os
mantêm presos a menos que eles cheguem ao 100º andar da Torre e derrotem o Boss
final. No entanto, se eles morrerem no jogo, morrerão também na vida real. A
luta pela sobrevivência começa agora”.
Sei que a série não se encerrará com 13 capítulos, mas deixo
aqui a análise do que vi até agora. Também brinco com a área cinza deste
enredo, pois o Kirito nem lembra quem é o assassino desta saga. Ele já o
enfrentou, mas não se lembra dele. Eu brinco dizendo que nem o autor da série
sabe quem é. Uma área cinza soberana! Desculpem a brincadeira.
É uma área cinza simples, porque o não se lembrar do
assassino, ou o lembrar dele, não afetou
a história em nada. O enredo se mostrou bem bacana de se seguir e divertido de
se assistir. Os embates ao estilo Jedi ficaram sensacionais, bem como a
construção da Sinon. Uma garota com fobia de armas que usa um jogo online para
superar o trauma foi fantástico.
O forte dessa série é que o enredo está tocando na realidade
de maneira provocativa. Sobre a questão da Sinon usar um VRMMORPG para superar
o medo de armas, ele vai de encontro com o que o psicanalista Norman Doidge
escreveu em seu livro “O cérebro que se transforma”. O cérebro possui uma
plasticidade avançada, isto é, ele se adapta a quaisquer condições, não sendo
uma estrutura fixa com funções fixas. Neste livro, conhecemos o trabalho da
Arrowsmith School que trabalha com crianças com deficiências diversas de
aprendizado e que usam jogos para reforçar o aprendizado. A mente se adapta e
muda de acordo com o que é aprendido. Usar um VRMMORPG para superar o medo de
armas é aceitável, segundo o que se ensina neste livro, bem como é uma atividade
semelhante às usadas na Arrowsmith School.
Ainda existe a questão do “Real e Virtual” que explorei em
meu texto (clique aqui) e afirmei, naquela ocasião, que a conclusão que se chega é que o virtual é um
nível de conhecimento do real (realidade). Assim como o próton e o elétron são
partes de um átomo, real e virtual são partes do mesmo processo dimensional que
nós chamamos de realidade. O virtual é um passo ao real, não sendo contrário a
ele, mas sua mais importante ferramenta de construção. Desta maneira, Kirito
pode ter acertado ao defender que o virtual necessita transmitir mais
informações para se aproximar do real.
Pela bela animação, e por este roteiro com áreas cinzas
simples e proximidade com a nossa realidade, esta série, até este presente
arco, está com o segundo lugar garantido neste meu TOP. E, por fim, aqui vai o
terceiro lugar.
Sinopse CR: “Illya (Illyasviel von Einzbern) é uma típica
estudante do Instituto Homurabara que tem uma quedinha por seu cunhado. Certa
noite, uma varinha de condão chamada Cajado Rubi cai do céu em sua banheira e a
faz assinar um contrato”
Na verdade, este já é o segundo arco da história. Neste
arco, Illya acaba se separando em duas personalidades distintas. Na verdade,
ela servira de receptáculo para o confinamento de sua irmã (chamada aqui de
Kuro Illya). Sua irmã- Kuro- fora selada sem memórias dentro dela. Fala a
verdade, que mãe cruel! Né?
A história, então, tem muita área cinza, por isso não está
em uma posição melhor, pois as áreas cinzas tem afetado o destino do roteiro e
alterado a ordem narrativa. No entanto, dentro da proposta desta análise, a
área cinza apresenta-se de maneira simples o suficiente para abraçar este terceiro
lugar. As intenções da Igreja, o objetivo do selamento da Kuro, e tantos outros
mistérios, ainda não revelados, promovem uma penca de áreas cinzas.
O que se salva é que a área cinza promoveu uma das cenas
mais emocionantes desta temporada, na qual a Kuro grita por sua própria
existência, fazendo-me refletir sobre o medo da não existência e a consequência
da morte. É inegável que me senti próximo daquelas palavras, pois não
conheço um humano que não tenha, ao menos uma vez, pensado na morte. Aliás, no texto sobre o valor de um minuto (Fairy Tail e o valor de um minuto), comentei que um dos caminhos para se resolver um suspense no qual o herói não possui mais recursos para vencer, seria: 1- O sacrifício; 2- O milagre e 3- A redenção. E Fate mostrou o caminho do milagre nas cenas finais que deixo abaixo. Kuro estava morrendo, já tinha desistido de lutar pela vida e Illiya a motiva a agir. Um milagre ocorre. E que dublagem maravilhosa a da Kuro!
Conclusão
Voltando a falar de George Bernard Shaw, ele disse uma vez que morrer seria fácil, e a comédia seria
difícil. Nesse sentido, podemos provar que fazer comédia não é fácil e que, ao
se aplicar os julgamentos feitos por mim neste blog, às séries desta temporada,
podemos constatar que a comédia se superou, mostrando enredos geniais, cômicos e
com a simplicidade tão difícil de se
obter.
Existe a função da comédia que é a de nos fazer refletir
sobre os nossos costumes. Sir Hob afirmava nesse sentido que “a comédia é um
estilo literário que castiga os costumes rindo deles, a poesia usa o impacto da
linguagem para semear interrogações”. O mesmo vale para a comédia animada. Nos
primeiros lugares temos comédias que nos fizeram refletir sobre os costumes
japoneses e sua cultura pop. Por isso, a comédia foi o gênero em animê mais
vitorioso no Verão de 2014.
Vídeo inspirado no livro "O cérebro que se transforma". A mente tem capacidade de evoluir e mudar. Vamos tornar isso uma verdade diária, para acreditar em uma mudança positiva. Ninguém precisa ficar condenado a qualquer tipo de limitação. Leiam o livro que indico no vídeo.
E
Estou me aproximando de 104 postagens. O que vai fazer com que o ano de 2014 venha a ser o ano mais produtivo do blog. Depois disso, talvez eu tire uns dias para descansar!
Recentemente, comecei a acompanhar esta série. Eu não a
conhecia e nem lia o mangá aqui publicado pela JBC. Lentamente, comecei a
gostar da estrutura do enredo e a curtir o lado cômico. Para mim, possui as
melhores piadas que já vi em séries do gênero. Entretanto, não é sobre isso que
gostaria de escrever. Quando um capítulo se sobressai, imediatamente presto
homenagens ao valor do enredo. Foi assim com Idolm@ster (CHIHAYA E O ROUXINOL), com Fate Zero (Fate Zero: Ethos, Mores e Lei!), com The World Is Still Beautiful (O ciúme em "Soredemo Sekai wa Utsukushii" – Capítulo 7) e tantas
outras séries. Desta vez, rendo homenagens ao enredo de Fairy Tail 22 (assista no Crucnhyroll). Se ainda não viu, pare aqui, pois tem
spoilers!
O Valor do Minuto
Sinopse do capítulo: “Several of the Fairy Tail wizards are
dead, dying, or surrounded on all sides. To save everyone and repent her
multitude of sins, Ultear casts a spell that will hopefully turn time back to
before the Eclipse portal was opened, even though the cost is her own life”.
A definição de um bom suspense começa com um obstáculo que o
herói precisa vencer, mas, apesar de todos os seus esforços, não o vence.
Esgotado, o herói não vê recursos para vencer o embate. Ele falha, ou está
prestes a falhar. Não existe uma solução visível para o herói e esse sentimento
de impotência é passado para o espectador, que acompanha o momento. Até então,
acreditava que o autor possuía dois caminhos: 1º- Sacrificar o herói derrotado,
matando-o; 2º- Um milagre! O clima deste capítulo não poderia ser mais adequado
a isso. Todos os heróis caídos, muitos mortos, e uma batalha perdida.
O 1º caminho parece negado, pois não existe nenhum herói em
condições de combate. Grey, Lucy, e todos os magos da Fairy Tail estão mortos
ou prestes a morrer. Só resta ao autor o segundo caminho, certo? Errado! Existe
um terceiro caminho, uma redenção. Segundo o dicionário informal, “A expressão redenção, origina-se do ato de
soltura de um escravo, que ocorria no primeiro século, mediante o pagamento de
um preço. A palavra foi emprestada pelos cristãos da igreja primitiva para
designar a libertação da escravidão do pecado por meio da obra redentora de
Jesus Cristo”.
Redenção, nesse sentido, é o pagamento de um tributo para
gerar a liberdade de um escravo. Ultear é uma escrava de um passado de crimes,
pois foi uma das vilãs da série (wiki). Wiki: “Ultear é uma maga e a filha de Ur. Ela já
foi um membro da Grimoire Heart, da qual era a líder do time mais poderoso, os
Sete Parentes do Purgatório. Após deixar a Guilda das Trevas, tornou-se uma
Maga Independente ao juntar-se à Crime Sorcière, onde permaneceu até os eventos
que se deram no final dos Grandes Jogos de Magia de X791”.
Já buscando redimir-se de seus erros passados, Ultear decide
usar sua magia de regresso temporal. Este feitiço faz o tempo regredir, com o
preço de extinguir o tempo de vida do mago que a invocar. Neste instante de dor
e arrependimento, Ultear evoca essa magia com a intenção de que seu sacrifício
máximo possa evitar toda essa tragédia. Aqui, os três caminhos se fundem em um
só: a redenção da vilã, que se sacrifica, esperando por um milagre.
Cena do sacrifício no mangá
E esse milagre ocorreu? Ao olhar para o relógio, Ultear se
desespera. Ela consegue regressar o tempo em apenas um minuto. Ela tomba
achando que seu sacrifício em nada contribuiu para a vitória. Ela cai em
prantos, achando que seu sacrifício foi inútil. Mal sabe ela o valor que um
minuto possui. Se em um minuto soma-se o sonho com a realidade, então, não há como mensurar o valor de um minuto.
Gabriel, o Pensador já cantava a força de um minuto: “mas tem hora que um minuto pode ser tempo
demais, um minuto de tormento pode ser muito mais lento do que um minuto de paz”
e já o livro Cada Minuto na Terra comenta que “no
minuto em que você começar a ler este texto milhares de coisas estarão
acontecendo: a Terra será atingida por 6 mil relâmpagos, quase 1.000 quilos de
pipoca serão consumidos, 21 mil pizzas serão assadas, 954 celulares com câmeras
serão vendidos ao redor do mundo, a Estação Espacial Internacional viajará
quase 500 quilômetros ao redor da Terra e 12,5 bilhões de litros de água do rio
Amazonas chegarão ao oceano! (...) E você? O que consegue fazer em 1 minuto”?
Respondendo ao autor do livro, em um minuto Ultear salvou
todos os integrantes da Fairy Tail. Em um minuto, a ordem cronológica da
história se restabeleceu e a chance de vitória surgiu. Em um minuto, uma
redenção ocorreu, uma heroína apareceu e um milagre nasceu. Brilhante decisão do autor.
Desta forma, temos aqui diversas lições de enredo que o
autor Hiro Mashima nos deu: um terceiro caminho para a trajetória do suspense,
no qual o vilão redime-se, sacrifica-se e ocorre o milagre, além do valor
precioso de um único minuto. Esse capítulo, portanto, merece todo o meu
respeito!