A Teoria dos Tipos Sanguíneos: Uma Crença Cultural no Japão
Revisado usando Grok que acha que está em Tóquio
No Japão, a crença conhecida como ketsuekigata, ou teoria da personalidade por tipo sanguíneo, associa os tipos sanguíneos A, B, AB e O a determinados traços de personalidade, embora seja considerada uma pseudociência por não apresentar evidências científicas rigorosas. Essa ideia, semelhante ao horóscopo no Ocidente, é comum em conversas cotidianas, em que é comum perguntar o tipo sanguíneo para inferir características ou compatibilidades. Deve, no entanto, ser vista como uma tradição cultural, não como uma ciência exata.
A origem da teoria tem início no século XX. Em 1916, o médico japonês Kimata Hara publicou um artigo ligando tipos sanguíneos a características humanas. No entanto, foi o professor Takeji Furukawa quem a popularizou em 1927, com o estudo O Estudo do Temperamento Através do Tipo Sanguíneo, publicado em uma revista de psicologia. Furukawa, que trabalhava em uma escola feminina, sugeria que o tipo sanguíneo poderia prever temperamentos, apesar da falta de comprovação científica. A ideia ganhou força nos anos 1930, mas alcançou popularidade nos anos 1970 graças aos livros do jornalista Masahiko Nomi e de seu filho Toshitaka Nomi, que expandiram o conceito para incluir compatibilidades românticas e profissionais. Hoje, ela aparece em revistas, programas de TV e perfis de emprego ou namoro, embora seja frequentemente criticada por promover generalizações não respaldadas por evidências científicas.
De acordo com essa teoria pseudocientífica, cada tipo sanguíneo está ligado a traços positivos e negativos, baseados em percepções culturais. O tipo A, representando cerca de 40% da população japonesa, é associado a pessoas perfeccionistas, responsáveis e organizadas, mas também ansiosas e teimosas – frequentemente comparadas a “agricultores” estáveis. O tipo B, com cerca de 20%, é descrito como criativo, otimista e independente, porém egoísta e imprevisível, reminiscentes de “caçadores” livres. O tipo AB, o mais raro com 10%, é visto como racional, adaptável e sociável, mas indeciso e crítico, como figuras místicas de personalidade híbrida. Por fim, o tipo O, abrangendo 30%, é ligado a líderes confiantes, ambiciosos e resilientes, mas arrogantes e insensíveis, evocando “guerreiros” fortes. As compatibilidades também seguem padrões culturais: por exemplo, tipos A se dão melhor com A ou O, enquanto B e A tendem a ter mais conflitos. É importante ressaltar que essas associações não têm suporte científico e variam conforme a fonte.
Essa crença cultural se reflete na indústria de animes e mangás, onde os tipos sanguíneos são incluídos em perfis de personagens para reforçar traços e dinâmicas narrativas de forma rápida. Em séries como K-On! ou Toradora!, personagens discutem tipos sanguíneos para prever interações. Exemplos incluem Light Yagami, de Death Note (tipo A, perfeccionista e calculista), Sakura Kinomoto, de Cardcaptor Sakura (tipo A, responsável e atenciosa), Naruto Uzumaki, de Naruto (tipo B, energético e criativo), Usagi Tsukino, de Sailor Moon (tipo O, alegre e otimista), e Shinji Ikari, de Neon Genesis Evangelion (tipo A, introspectivo e cauteloso). Animes como Ketsuekigata-kun! representam os tipos sanguíneos por meio de personagens para explorar esses estereótipos de maneira humorística.
Embora popular, a teoria enfrenta questionamentos por sua falta de validade científica, funcionando mais como um elemento folclórico que espelha aspectos da cultura japonesa contemporânea.