O que é essa maldição? Eu penso comigo mesmo como poderia ter sido tão feliz e, ao mesmo tempo, tão cruelmente torturado. Quando eu a vi passar pelos campos do castelo, me impressionei com a beleza que deixava o próprio Sol envergonhado. Quando estava de vigia na torre, a via em confidências com a Lua. Os pássaros, corvos e corujas pareciam render-lhe graças. Em um dia de outono, minha espada se mostrou útil. Atacada enquanto caminhava pela estrada real, seus guarda-costas, eunucos, rapidamente foram derrotados por uma vil criatura. Eles não tinham o que era preciso para defendê-la. Eu a vi por acaso, quando retornava de meu treino matinal com a espada, ao lado de meu fiel pai. Meu pai, guarda real de confiança de um nobre conde, foi o primeiro a pressentir o perigo e a se dispor a ajudar. Eu não tinha tanto fôlego, mesmo sendo mais jovem, pois ele defendia a nobreza com um espírito incorruptível. Para ele, os nobres eram passageiros, mas a realeza parecia ser um estado de espírito per...
A violência retira de nós a arte, o amor, a humanidade e o
respeito. Seja ela física, psíquica ou verbal, ela danifica a estrutura da
sociedade, ela corrompe, ela faz sofrer, enfim, a violência, pelas palavras de
Sartre: “seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.
Cada vida possui infinita importância, dentro de infinitas
possibilidades, em um mar de escolhas que chamamos de destino. Caio César Ignácio
Cardoso de Melo escolheu proteger a nossa sociedade como soldado militar. Ele
também escolhera nos brindar com seu talento como dublador. Duas escolhas em um mar de possibilidades.
Duas escolhas nobres. Como policial, ele
escolhera: “Promover a segurança e o bem-estar social por meio da prevenção e
repressão imediata da criminalidade e da violência, baseando-se nos direitos
humanos e na participação comunitária” (Portal da PMDF). Como dublador, ele deu
asas aos sonhos de muitas pessoas e nos fez acompanhar alegrias e fantasias. Eternizou
obras e foi eternizado por elas.
Na manhã desta quarta-feira, dia 30, a nossa sociedade
sofreu uma derrota. Caio fora morto com um tiro no pescoço ao atender uma
ocorrência no Complexo do Alemão, no dia posterior ao seu aniversário. Ele
deixou uma filha. Queria deixar aqui registrado minha homenagem. Ao
policial-dublador!
E fazer um apelo pela não-violência. Não existe sociedade que permaneça estruturada com tanta violência. Pelas palavras de Lao-Tsé (O Pensador)
"A Sabedoria da Não-Violência
A vida verdadeira é como a água:
Em silêncio se adapta ao nível inferior
Que os homens desprezam.
Não se opõe a nada,
Serve a tudo.
Não exige nada,
Porque sua origem é da fonte imortal.
O homem realizado não tem desejos de dentro,
Nem tem exigências de fora.
Ele é prestativo em se dar
E sincero em falar,
Suave no conduzir,
Poderoso no agir.
Age com serenidade.
Por isto é incontaminável."