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A cor dos olhos na cultura japonesa!

  Significado da Cor dos Olhos na Cultura Japonesa Na cultura japonesa, as cores dos olhos não são um foco central em tradições antigas, dado que a população nativa predominantemente possui olhos castanhos escuros ou pretos, refletindo herança genética asiática. No entanto, superstições e simbolismos evoluíram ao longo da história, influenciados pelo xintoísmo, budismo e interações com o Ocidente. Por exemplo, olhos "exóticos" como azuis ou verdes eram raros antes da era Meiji (1868-1912), quando o Japão se abriu ao mundo, e podiam ser vistos como sinais de influência estrangeira ou sobrenatural em folclore local. Em lendas antigas, como aquelas do período Heian (794-1185), olhos incomuns poderiam denotar yōkai (espíritos) ou deuses disfarçados, embora documentação específica seja escassa. Mais proeminentemente, a superstição de *sanpaku* (olhos com branco visível em três lados) persiste: *yin sanpaku* (branco abaixo da íris) sugere desequilíbrio, má sorte ou morte prematura,...

O Japão e o Isolamento coletivista




Olá, pessoal! Durante algum tempo, montei aqui uma sequência de vídeos mostrando a influência estrangeira no Japão. Tudo isso para chegar no vídeo de hoje. Sabiam que o Japão possui um movimento político de isolamento de outros países? Não? Apesar de toda a troca de cultura e influência, existe um grupo que deseja o isolamento. Vamos conhecê-los?

O conceito de isolamento no Japão remonta ao período histórico conhecido como Sakoku (país fechado), uma política de isolamento estrangeiro implementada pelo xogunato Tokugawa durante o período Edo (1603–1868). Essa política foi formalizada por meio de uma série de éditos entre 1633 e 1639, sob o comando de Tokugawa Iemitsu, o terceiro xogum. As razões para sua implementação eram multifacetadas: primariamente, o medo da influência colonial e religiosa, especialmente do cristianismo introduzido por missionários portugueses e espanhóis desde a chegada de Francisco Xavier em 1549. O xogunato via o cristianismo como uma ameaça à estabilidade social e política, culminando na proibição da religião em 1614 e na supressão violenta da Rebelião de Shimabara (1637–1638), um levante de cristãos japoneses. Além disso, o Sakoku servia para centralizar o poder do xogunato, limitando o comércio exterior dos daimyō (senhores feudais) e evitando alianças com potências estrangeiras que pudessem desafiar a autoridade Tokugawa. Economicamente, o objetivo era proteger recursos minerais como prata e cobre, controlando o comércio através de canais restritos.

Na prática, o Sakoku não era um isolamento total. O comércio continuou de forma limitada: os chineses e holandeses podiam operar em Nagasaki, com os holandeses confinados à ilha artificial de Dejima. Os coreanos negociavam via Tsushima, os ainu via Matsumae e o Reino de Ryūkyū via Satsuma. Isso permitiu a entrada de conhecimentos ocidentais através do Rangaku (estudos holandeses), influenciando áreas como medicina, ciência militar e astronomia. No entanto, japoneses comuns eram proibidos de sair do país ou retornar, sob pena de morte, e estrangeiros eram amplamente banidos. Essa política durou mais de dois séculos, promovendo uma cultura nacionalista através da Escola de Estudos Nacionais (Kokugaku) e suprimindo o cristianismo, embora comunidades cristãs subterrâneas (Kakure Kirishitan) persistissem. Os efeitos incluíram a preservação de recursos, mas também o atraso tecnológico em relação ao Ocidente, tornando o Japão vulnerável a pressões externas no século XIX.

O fim do Sakoku ocorreu com a chegada do Comodoro Matthew Perry em 1853. Enviado pelo presidente americano Millard Fillmore, Perry liderou uma frota de quatro navios de guerra (os "navios negros") até a Baía de Edo (atual Tóquio), demonstrando poderio militar com canhões e tecnologia avançada. Ele exigiu a abertura de portos para comércio, proteção a náufragos americanos e o estabelecimento de relações diplomáticas. Após recusas iniciais, Perry retornou em 1854 com nove navios, forçando o xogunato a assinar o Tratado de Kanagawa (Convenção de Kanagawa), que abriu portos como Shimoda e Hakodate, concedeu extraterritorialidade a estrangeiros e estabeleceu tarifas baixas para importações. Esse evento, conhecido como "gunboat diplomacy", enfraqueceu o xogunato Tokugawa, levando à Restauração Meiji em 1868, quando o imperador recuperou o poder e o Japão iniciou uma rápida modernização, adotando tecnologias ocidentais, reformando o exército e a economia, e eventualmente se tornando uma potência imperialista.

Após a abertura forçada, o Japão abandonou o isolamento, expandindo-se territorialmente com conquistas como Taiwan (1895), Coreia (1910) e Manchúria (1931), culminando na Segunda Guerra Mundial. A derrota em 1945 levou à Constituição pacifista de 1947, com o Artigo 9 renunciando à guerra e forças armadas ofensivas, representando uma forma de semi-isolamento militar, dependente da aliança com os EUA para defesa. Economicamente, o Japão se integrou globalmente, tornando-se a segunda maior economia do mundo nas décadas de 1970-1980, com forte influência cultural via exportações como anime, mangá e tecnologia.

Nos dias atuais, resquícios do isolamento persistem em sentimentos nacionalistas e políticas restritivas. Durante a pandemia de COVID-19, o Japão adotou uma das políticas de fronteira mais rigorosas do mundo, limitando entradas a cidadãos e residentes estrangeiros retornando, com um teto diário de cerca de 3.500 chegadas. Apelidada de "neo-Sakoku" (novo país fechado), essa abordagem ecoava o isolamento histórico, com paralelos traçados ao período Tokugawa, incluindo penalidades severas por violações no passado. Apesar de altas taxas de vacinação (80,5%) e baixa mortalidade por COVID (156,62 por milhão), a política foi criticada internacionalmente por isolar aliados e prejudicar negócios e educação, reduzindo o número de estudantes internacionais de mais de 312 mil em 2019 para menos de 280 mil em 2020. Uma pesquisa do Yomiuri em dezembro de 2021 mostrou que quase 90% dos japoneses apoiavam as restrições, elevando a aprovação do primeiro-ministro Fumio Kishida para 62%. Exceções foram feitas para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, mas ligadas a surtos da variante Delta.

Além disso, há movimentos políticos modernos que defendem formas de isolamento ou prioridade nacional. O partido Sanseito (Partido da Participação), fundado em 2020 por Sohei Kamiya durante a pandemia, é um exemplo proeminente. Nacionalista e populista, o Sanseito adota o slogan "Japanese First" (Japoneses Primeiro), alertando contra uma "invasão silenciosa de estrangeiros" e culpando o Partido Liberal Democrático (LDP) por políticas que permitem mais imigração. Kamiya ameaça que o Japão se tornará uma "colônia" se não resistir à "pressão estrangeira", criticando empresas multinacionais por mudarem políticas japonesas. O partido ganhou 14 assentos na Câmara Alta em eleições recentes, explorando frustrações com imigração (3,8 milhões de residentes estrangeiros recorde) e overturismo (36,9 milhões de turistas em 2024), culpando estrangeiros por crime e inflação crescentes. Embora não defenda um isolamento total como o Sakoku, suas políticas anti-imigração e anti-globalistas ecoam sentimentos isolacionistas, opondo-se à globalização, vacinas mRNA e influência da OMS. Outros grupos, como o Nippon Kaigi, promovem revisionismo histórico, mas o Sanseito é o mais vocal contra influências estrangeiras modernas.

No entanto, essas tentativas de isolamento podem ser consideradas ilógicas ao se observar os substanciais benefícios que o Japão obteve de suas interações internacionais ao longo da história. Após o fim do Sakoku e durante a Restauração Meiji, a abertura ao mundo permitiu uma modernização acelerada, com a adoção de tecnologias ocidentais que impulsionaram a industrialização, a construção de ferrovias e fábricas, a implementação de educação universal e reformas políticas como a adoção de uma constituição e sistema parlamentar, abolindo o feudalismo e elevando o Japão a uma potência militar e econômica capaz de rivalizar com nações europeias. No período pós-Segunda Guerra Mundial, a integração global, facilitada pela aliança com os Estados Unidos e pelo estímulo ao comércio internacional, gerou o "milagre econômico japonês", caracterizado por crescimento rápido e sustentado da manufatura, aumento exponencial nas exportações (de cerca de US$ 45 milhões entre 1878-1882 para US$ 160 milhões entre 1888-1892, e continuando em escalas maiores pós-guerra), inovações tecnológicas, altas taxas de poupança e investimentos em setores de alto potencial, transformando o país de uma economia devastada pela guerra para a segunda maior do mundo nas décadas de 1970 e 1980. Esses avanços destacam como a colaboração, o comércio e a troca cultural com outros países não apenas evitaram estagnações tecnológicas e econômicas, mas também fomentaram prosperidade, influência global e resiliência, contrastando diretamente com os riscos de isolamento.

Em resumo, embora o Japão tenha uma longa história de isolamento que moldou sua identidade cultural e política, os movimentos atuais em prol de maior fechamento ignoram as lições do passado, onde a abertura trouxe avanços significativos em tecnologia, economia e influência global. Essa tensão entre preservação nacional e integração internacional continua a definir debates no país, equilibrando tradições com as demandas de um mundo interconectado, como visto em parcerias de segurança com EUA, Austrália e Filipinas para contrabalançar desafios regionais, e em explorações culturais como o romance "The Emissary" de Yoko Tawada, que reflete sobre pureza étnica em contextos de migração e demografia.

E assim vou terminando esse vídeo. Se gostaram desse vídeo educativo, cogitem comprar meu livro: Mangá Tropical- Um estudo de Caso que está à venda, inclusive na Amazon, e acessar meu site outrospapos.com para mais sobre a cultura pop japonesa. Tenham todos paz, amor e sucesso!

✅ Fontes atualizadas no formato ABNT

Sobre o Sakoku e o isolamento histórico:

Sobre a abertura do Japão e a Restauração Meiji:

Sobre economia japonesa pós-guerra:

Sobre o Sanseito e o nacionalismo contemporâneo:

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