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Anjos em tanka!

  Anjos e humanos,   Juntos na aurora celeste,   Asas e mãos entrelaçadas, Segredos compartilhados,   Eternidade em abraços.

Ritos V (+18)

 Capítulo salvo e protegido no Deviantart. O capítulo VI será o último desse livro. 


Ritos V


Rito de invocação do herói!



No dia seguinte ao ritual de ressurreição dos mortos da cidade invadida, todos que combateram estavam com descanso de três dias ordenado pelo império. Os que tiveram a sua cidade destruída, e estavam sob controle do demônio de alta classe, foram alvo de uma campanha de solidariedade. Sacerdotes correram atrás de guildas de mercadores em cidades vizinhas, com a intenção de conseguir os nomes para o ritual de ressurreição deles. Mercadores e visitantes de outras cidades escreveram os nomes de quem eles lembravam que tinham feito comércio com eles e que moravam naquela cidade. Desse ponto, eles foram fazendo rituais de ressurreição e, aos que forma ressuscitados, perguntavam os nomes dos outros moradores. Foi um trabalho de formiguinha para conseguir o nome de quase todos os moradores. E apesar de estarem novamente vivos, eles têm um longo caminho pela frente para reconstruir suas cidades destruídas.  Depois disso tudo, que foi um processo de dois dias inteiros e sem pausa, nem mesmo à noite, a Primeira-Sacerdotisa estava quase em coma de tanto cansaço, pois foram milhares de almas invocadas, mas a sensação de que nada foi concluído com êxito permanece em sua alma, pois ela sabe que muitos não tiveram seus nomes escritos no livro, pois não tinham parentes e nem conhecidos que fizessem o procedimento, ou que se lembrassem deles. Para eles, outros meios surgirão, como a reencarnação, mas a sensação de que a humanidade ainda não alcançou o necessário para que todos pudessem ser abraçados pela misericórdia é evidente. Ainda existe um longo caminho pela frente. 



A Primeira-Sacerdotisa, depois de um trabalho árduo, está agora reservada em seu quarto, com uma plaquinha de “Não Incomode” pendurada na porta. A Madre-Sacerdotisa, e a sacerdotisa que ajudou o homem-antílope, já receberam alta e voltaram para as suas tarefas. Como a Madre estava impossibilitada, quem conduziu todas as cerimônias de ressurreição foi a Primeira-Sacerdotisa por ser a de maior posto na estrutura hierárquica dentro da igreja. 



Pertos acompanha a Madre de perto. Em seus braços, um livro de práticas de magia de ataque e defesa. Ele sentiu muito não ter conseguido proteger a Madre durante o ataque e começa a tentar aprender magias que possam servir para ajudar melhor sua amada mulher. Nesse mesmo dia, a Madre encontra com a Miyako na secretaria do Templo e ambas notam que preencheram o mesmo formulário e estão o entregando ao mesmo tempo. 



--- Ora! É por causa do Omyarap? --- pergunta a Madre.



--- Sim. E o seu é por conta do Pertos, não? --- responde e pergunta a Miyako. 



Ambas riem encabuladas. Ambas estão entregando o formulário para a troca de classe. O dia passa com uma quantidade imensa de pessoas se organizando para voltarem para as suas cidades. Mantimentos comprados, roupas novas, medicamentos, tudo estava sendo adquirido na cidade anfitriã e, aos poucos, toda aquela confusão foi perdendo sua intensidade e, aos poucos, a cidade voltou ao seu normal. Alguns soldados foram destacados para acompanharem as caravanas de volta, para auxiliarem os soldados residentes. Existe, também, muita preocupação com os traumas decorrentes de uma morte violenta, por isso, vários sacerdotes estão indo também com as caravanas para ajudar no processo de recuperação. Apesar da morte não ter uma vitória definitiva, a dor possui sua vitória e pode acorrentar corações com temores. É um processo de reconstrução não somente das cidades, mas, também, dos corações abatidos. 



Em um restaurante, dois soldados conhecidos estão batendo um papo.



--- Soube do ocorrido com o Sumo-Sacerdote da cidade da princesa? --- pergunta Ming.



--- Não! --- responde sem muito interesse um Bulls sonolento. 



--- Ele foi acusado de espionagem. A princesa suspeitou dele, por causa da ordem dela de ter pedido que as outras cidades fossem informadas sobre o sonho da Madre e a informação acabou não sendo repassada. Depois, ela verificou o cristal com informações sobre o posto de guarda, daquela vez que a Miyako tentou falar com eles, e percebeu ali a essência espiritual dele ao lado do guarda do posto. --- explica Ming.



--- E aí? --- pergunta Bulls



--- Essência espiritual é algo que não pode ser copiada. É a representação fiel da pessoa, a marca de identidade da alma. Mais eficiente que uma digital no local do crime. --- Ming é interrompida.



--- Eu sei o que é essência espiritual, sua besta, eu quero saber o que aconteceu com o Sumo. --- fala Bulls



--- Depois que foram todos ressuscitados. Sim, o marginal morreu quando Murdok atacou uma caravana sozinho. Murdok explicou que ele estava emitindo uma aura corrupta e isso o fez confundir ele com um goblin. --- Ming é interrompida com uma gargalhada do Bulls. 



---- Há, há, há, há! Murdok matou o cara sem querer! Essa é boa! --- gargalha o soldado. Murdok, do outro lado da cidade espirra.



--- Então... --- tenta continuar a história, uma Ming que também tenta conter o riso. --- Quando a princesa prendeu o Sumo, ele acabou confessando. Agora, ele e os generais que haviam se corrompido estão todos na prisão aguardando julgamento, que só acontecerá quando eles tiverem erguido uma parte da cidade. Ou seja, a pena deles já começou antes mesmo do julgamento, já que a construção vai demorar alguns anos.



A conversa deles para quando os pratos são servidos por um garçom. Bulls pediu um suculento bife com fritas e uma cerveja. Já Ming foi de peixe frito com batatas na manteiga e uma cerveja também. É o momento em que toda a conversa é interrompida por um saboroso prato bem apreciado. Eles avançam sem modos nos pratos que são devorados em instantes. Nesse meio tempo, aparece na frente deles, na rua, Murdok, o herói e Omyarap. Bulls os chama para se juntarem à mesa. 



Bulls e Ming, apesar de estarem de folga, ainda batem continência quando Murdok  e o herói se aproximam. Murdok e os demais sentam-se à mesa e o forte sargento escolhe a comida pelo cardápio, enquanto os outros conversam um pouco. O herói se senta afastado de Ming e mais próximo de Bulls e Omyarap. 



--- Sargento, você conhece melhor esse restaurante, então, peça para mim. Aceitarei com bom grado sua sugestão. --- diz o herói. 



--- Escolhe para mim também, sargento! --- diz Omyarap.



--- Seu folgado! ---- responde Murdok para Omyarap que ri. --- Eu escolho e você paga. É a ordem das coisas! 



---- Argh! --- se assusta Omyarap, que imediatamente vai olhar a carteira. 



---- O que vocês estão fazendo juntos em plena folga? --- pergunta Ming. --- E, herói, foi uma honra ter lutado ao seu lado! 



--- Sim, herói! Eu também me sinto honrado! Soube que você exterminou aquele demónio que encontrei perto da cidade. --- Murdok para um instante, e revela algo. --- Eu não teria capacidade de enfrentá-lo, mesmo com a ajuda do grupo inteiro. Eu até confundi a força dele com a do Lorde Demônio, o que causou nele um riso sarcástico que me feriu o orgulho. Sabe, ele leu até a minha mente. Eu não teria condições nem mesmo de feri-lo. 



--- Não se menospreze, sargento! Eu conheço sua força, pois já lutei ao seu lado e ao lado do pai do Omyarap. Vocês são guerreiros dignos! --- afirma o herói com um sorriso. 



--- Como é meu pai no campo de batalha, herói? --- pergunta Omyarap. --- Ele está vivo e bem?



--- Seu pai é um guerreiro que faz com demônios estremeçam de medo somente com sua risada. Nunca presenciei alguém tão vívido no campo de batalha. Apesar de estar em outro campo de batalha, eu fiz questão de identificar todos que estão lutando ao meu lado e não desejo esquecer de nenhum deles. Seu pai e Murdok são uma dupla perfeita para ser ponta de lança. Eles iam na frente, sem medo, abrindo espaço para os outros passarem. Eles conseguiam dividir o batalhão inimigo em duas frentes, permitindo que os outros cercassem eles e exterminassem. O famoso “dividir para conquistar”. E ele ainda batalha soltando piadas horríveis. Eu ri muito da raiva dos inimigos sendo batidos e tendo que ouvir aquelas piadas. E outro ponto forte nele é o otimismo. Nunca o vi pessimista em nenhum momento. --- diz o herói rindo. 



--- Uau! Nunca pensei que Omyarap e seu pai seriam tão diferentes. Omyarap nunca soltou um sorriso na minha frente, e nunca contou uma piada sequer. --- afirma Bulls. 



--- Meu pai tinha uma mania de contar as piores piadas do mundo. Eu não aguentava aquilo, embora minha mãe achasse muita graça. --- diz Omyarap, sempre sério. 



--- Seu único sorriso foi quando Miyako te chamou de amor, né? --- provoca Ming. 



--- Como você ficou sabendo disso? --- pergunta assustado Omyarap.  



--- A Madre achou aquilo muito fofo e saiu contando para todo mundo. Ela é meio fofoqueira. --- diz a Ming. 



Murdok chama o garçom e pede algo a ele e, depois, se junta à conversa. 



--- Eu não imaginava que a Madre fosse assim. Traição! --- diz um irritado Omyarap. 



--- Calma! Calma! --- tenta apaziguar o herói. --- Se ela fez isso é porque foi algo especial. Um evento especial imperdível. Deveria estar honrado, Omyarap. 



--- Ah, sim, grande herói! --- concorda um Omyarap que parece que recebeu um elogio de um grande astro do rock. 



---- Parem de me chamar de herói! Isso sequer é um nome! Chamem-me de Sadraque, que é meu nome. --- diz o herói. 



Todos em uníssono, incluindo Murdok, gritam: “Sim, senhor!”, para o susto de outras pessoas no restaurante e para a vergonha do Matu.



--- Vocês não me responderam o que estão fazendo todos juntos? --- interpela Ming novamente. 



--- A Primeira-Sacerdotisa lançou um comunicado. Ela não quer sair daqui antes de se divertir. Ela não teve tempo sequer para respirar e nesse último dia ela se trancou no quarto para repousar. Como Miyako ficou com pena, ela convidou algumas pessoas para uma festa do pijama. --- informa o herói. 



--- E na minha casa! --- conclui Omyarap triste. --- Vai ser a noite das mulheres. Acabei expulso de casa.



--- Noite das mulheres, né? --- antes que Ming diga algo, pois todos perceberam a tristeza emanando dela, Omyarap rasga um papel e uma pequena Miyako aparece de um talismã. 



--- Ming, eu sabia que você estaria com o Bulls. E como os rapazes combinaram um churrasco, eu sabia que o Omyarap iria se encontrar com você por tabela, por isso, pedi para ele levar esse talismã consigo. Você está, sim, convidada para a festa. Venhaaaa! --- diz uma pequena e alegre  Miyako.  



Ming sorri com satisfação e gesticula com a cabeça que vai. De súbito, um grito:



---- CAAAARNE! --- grita Bulls assustando todo mundo. --- Se tem churrasco, tem que ser lá em casa! Tragam muuuuita carne! 



Bulls saliva como um louco! 



---- Credo! E isso porque ele acabou de comer! --- reclama Ming. 



De súbito, todos ouvem uma voz conhecida cantando. E, novamente, um grito:



--- ERUUSU! --- grita Bulls, assustando até o coitado do Erusu que tinha acabado de chegar ao palco para sua apresentação. 



Ming dá um soco forte na cara do Bulls.



--- Isso é pelo susto duplo!.... E por assustar o Erusu também!



Sadraque começa a suar um pouco com a violência da Ming. Bulls vai em direção do Erusu.



--- Bulls! Oi! Eu comecei a trabalhar aqui hoje. Fui contratado para cantar aqui! --- diz um Erusu sorridente. 



--- Vai virar meu restaurante preferido! --- diz Bulls. 



--- Senhor cliente, não se aproxime do palco! --- diz um segurança do restaurante ao Bulls. 



--- Que bom que você não retornou para a outra cidade e preferiu ficar aqui. Fiquei contente! --- diz Bulls ignorando o segurança. --- Sabe, vai ter um churrasco lá em casa! Está convidado! Eu sei que elfos são veganos, então, vou pedir para minhas irmãs prepararem algo para você.  



--- Ah, obrigado! Eu vou, sim! --- diz Erusu. 



--- Como os elfos não consomem proteína animal, as fibras musculares deles não são muito desenvolvidas. A coisa piora quando eles são mestiços, pois eles ficam ainda mais fracos. Se um elfo clássico já seria magro, imaginem o quão fraquinho não deve ser o Erusu? --- reflete Ming. 



 A conversa é novamente interrompida pelo garçom que traz um banquete à mesa. Murdok escolhe cordeiro com risoto e uma cerveja. Para Matu, Murdok escolheu lagosta com risoto de camarões, acompanhado de um bom vinho. Omyarap é servido com uma lasanha com um suculento bife e suco. Sadraque percebe o esforço em agradar, mas dá uma olhada no Omyarap que está suando frio e olhando para a carteira. Ele sussurra ao jovem: “Eu pago a conta! Pode relaxar e comer! Murdok não vai dizer não a um pedido meu!”, diz o herói sendo simpático. Os olhos do Omyarap brilham de alegria. Bulls volta para a mesa e chama o garçom: 



--- Vou comer de novo! --- diz ele com um sorriso no rosto


--- Maluco de estômago elástico! --- reclama Ming consigo mesma sorrindo. 



O banquete, então, prossegue no restaurante e, dessa vez, embalado pelos cânticos belos da voz aveludada de Erusu. E, antes que a noite caia, e a hora marcada para o churrasco se aproxime, Erusu, em ansiedade, pois é a primeira vez que um amigo humano o convida para uma festa, já está na porta da casa do Bulls. “Que droga, eu fiquei tão ansioso pela minha primeira festa na casa de um humano que cheguei antes. Será que tem algum problema se eu já for entrando?”, pensa o ansioso elfo. Ele reúne um pouco de coragem e bate na porta, esperando ser recebido por um gigantesco e alegre humano, mas, ao invés disso, ele é recebido por duas pequenas pessoas. Duas adolescentes o recebem e o convidam para entrar. Meio sem jeito, o Elfo entra. A casa de Bulls tem dois andares e tem estilo colonial europeu, mais precisamente, holandês. Ela não difere muito das demais casas, todas em estilo colonial, mas ela é mais colorida, com mais rendas e cores fortes que se harmonizam perfeitamente com a madeira, que é a base de toda a casa. 



--- Sente-se, por favor, nosso irmão avisou que receberíamos convidados para o churrasco. --- a irmã do Bulls começa a observar o elfo, que fica meio sem jeito. --- Ele deixou uma lista detalhada dos convidados, com nome e aparência. 



“Se o convidado não bater com essas características e nomes, não abra a porta. Vocês conhecem o Murdok e o Omyarap, mas se os outros dois não forem como eu os descrevo, não abra e me chame imediatamente. Entendido?”, lembra-se a irmã das palavras do seu irmão mais velho. 



--- Você é o Eluso, não é? --- pergunta a outra com a listinha nas mãos. 



--- Erusu! --- corrige sem jeito o elfo. 



--- Sim, sim! Você passou no teste! Você é o Erusu! --- diz a outra fazendo “sim” com a cabeça repetidamente. Erusu sorri sem jeito. 



--- Ah, eu trouxe cerveja, hidromel e um prato com legumes. --- diz o elfo se mostrando simpático e prestativo. Uma das irmãs recebe o prato e agradece com um gesto de cabeça, se dirigindo para a cozinha. “Vou colocar na cozinha”, diz ela bem baixinho. 



--- Meu irmão vai demorar para chegar e acho que os outros convidados também! --- diz a que ficou com o Erusu na sala. --- Então, para você não ficar sozinho, quer brincar com a gente? Eu sou a Lafanpan e essa aqui é a Loropechika. 



--- Prazer! --- diz a outra voltando da cozinha e se apresentando. 



A expressão “não ficar sozinho” bate fundo na alma do elfo e parece reverberar pela sua cabeça e, sem se dar conta, ele diz que sim. A solidão pela qual o elfo viveu faz com que essas palavras tenham, para ele, um forte significado irrecusável. As duas sorriem e o seguram pelos braços, levando-o para o quarto. “Vamos brincar de boneca”, diz Loropechika. E, antes que o Erusu perceba, ele acaba vestido como uma Lolita. Com meias de seda brancas com rendinhas e babados com formato de rosas, sapato de salto alto que calçou perfeitamente no pé de anjo do elfo, uma saia rendada combinando com uma camisa rosa e luvas. As duas ainda fazem uma maquiagem e duas chiquinhas no cabelo dele, e o elfo, então, torna-se uma das mais bonitas elfas que já existiram. Seu olhar envergonhado deixa o adulto elfo ainda mais sedutor. As duas começam a rir e saltitar de alegria. 



--- Erusu é uma garota tão bonita! Ficou linda! --- diz Lafanpan. Loropechika faz um joinha com a mão, concordando com a irmã. Erusu fica sem jeito. A palavra solidão meio que o imobiliza e ele acaba não reclamando. Ao contrário, ele ainda pergunta: 



--- Fiquei tão bonito assim?



--- Erusu, você é uma linda garota! --- respondem as duas ao mesmo tempo. Elas se olham e, depois, ambas olham para o elfo e dizem: 



--- Já brincamos de boneca. Agora, vamos brincar de princesa! 



--- Prin...princesa? --- diz o elfo já desconfiando no que isso vai dar, mas ele pensa consigo mesmo: “Eu sou um elfo de 85 anos, não vão ser duas crianças que vão me derrotar!”. Para um elfo de idade como ele, duas adolescentes humanas não passam de duas crianças, mas logo ele aprenderá que a realidade é outra. 



Em menos de 3 minutos, Erusu vestido de Lolita (nota do autor: Lolita é uma moda japonesa que faz com que as pessoas pareçam com bonecas de porcelana.) já se vê imobilizado. Uma das irmãs o segura com as mãos voltadas para trás, na cadeira, enquanto a outra amarra suas pernas, agora bem torneadas pela meia de seda e pelos sapatos. Ela amarra os pés juntos, de lado, em um dos pés da cadeira. Os nós são excelentes e Erusu não consegue se mover. Em seguida, ela começa a amarrar as coxas do elfo, passando as cordas pela saia e amarrando as pernas dele junto da cadeira. Erusu ainda tenta livrar as mãos, mas a posição dele impede que ele use muita força nos braços. A outra conseguiu o imobilizar em uma posição em que os braços não conseguem muito movimento. “Eu não acredito que eu sou tão fraco assim. Não é por menos que o goblin me confundiu com uma garota!”, lamenta um amarrado elfo adulto de 85 anos, humilhado por duas adolescentes humanas. 



--- Agora amarra os braços dele! --- diz a que está segurando seus punhos. A outra se aproxima com as cordas e começa pelos cotovelos. Ela junta os cotovelos do elfo e passa a corda, segurando-os em posição. Depois desliza a corda pelo peito do elfo, que apenas assiste até a barriga e aperta com força, tirando um pouco de ar do elfo, que faz um gemido espontâneo e inesperado. As duas riem diabolicamente. Em seguida, ela cruza os punhos do elfo e os amarra em cruz, ligando-os com as cordas que amarram as pernas. Erusu está plenamente derrotado! 



--- Como vocês aprenderam esses nós? --- tenta puxar conversa um elfo já sabendo que vai ser amordaçado. 



--- Pegamos os livros do Bulls escondido e praticamos com a mamãe. Você e a mamãe tem o mesmo tamanho, por isso, as roupas dela couberam em você. --- diz Lafanpan com um sorriso inocente, mas, nesse momento, a inocência dela parece diabólica.



--- Eu estou vestindo as roupas da sua mãe? --- foi a última pergunta do Erusu antes de ser amordaçado. Lafanpan passa a mordaça com cuidado pelos lábios do elfo, para não estragar a maquiagem. Os lábios do elfo, com batom e mordaça ficam sedutores. Nesse momento, a mãe das duas entra no quarto e vê essa cena. “Que barulho todo é esse?”, pergunta ela antes de perceber um elfo sequestrado e vestido de princesa. Ela emudece na hora. As duas olham para a mãe, que imediatamente fecha a porta do quarto. Para o desespero do Erusu amarrado.



A mãe deles planejou a fuga perfeita, enviou um pedido de “S.O.S.” para um Bulls que correu para casa e liberou a princesa, digo, o pequeno elfo.   Depois de um tempo, com um Bulls furioso já em casa, as duas irmãs recebem um belo sermão. Elas imediatamente pedem desculpas pelo seu comportamento para um elfo que aceita o perdão. 



--- Desculpa, Erusu! --- diz Bull ajoelhado. --- Eu deveria ter repreendido elas ainda mais. 



--- Deixa disso. --- diz um Erusu já com seus trajes normais e retirando a maquiagem com uma toalha. --- Eu até que me diverti com sua família. Não pensei que os humanos pudessem ser assim. 



Bulls sorri com o perdão do elfo e solta uma piadinha: 



--- Minha princesa! --- Bulls se joga no elfo, mas é impedido por um Omyarap que acabar de chegar e abrir a porta da casa. Ele imediatamente lança Bulls no chão com um golpe de judô. 



--- Você deu sorte que não foi a Ming que te parou. Ele teria quebrado seu dente com um soco. --- diz Omyarap.



--- Vocês só atrapalham! --- resmunga Bulls. Erusu sorri. Essa interação toda, para ele, é muito divertida. Ele nunca tinha interagido assim com ninguém. Por ser a primeira vez, tudo é fantástico e interessante, como se ele fosse, de fato, uma criança. E esse encanto faz com que tanto Omyarap quanto Bulls fiquem alegres. É uma alegria contagiante a do elfo. Nesse instante, Sadraque e Murdok chegam. Eles não entendem essa alegria, mas percebem a intenção e a origem. É algo que os reconforta também. 



Momentos depois.



--- Ei, Loropechika! Lafanpan! Querem participar do churrasco? --- pergunta Bulls com avental de cozinheiro e já assando algumas carnes no espeto. Murdok, Sadraque e Erusu estão bebendo juntos no quintal. 



--- Obrigado, irmão! Estamos bem aqui! Não se preocupe. --- responde Lafanpan. Do lado dela, Loropechika está com a mãe deles imobilizada. As mãos dela estão para trás e Loropechika a impede de falar impondo sua mão contra os lábios dela. A mãe ainda tenta se soltar, mas sem sucesso. O agarrar de Loropechika é forte e seus braços estão, de fato, imobilizados. Lafanpan chega perto e sussurra: “Você nos paga por estragar a nossa diversão, querida mãezinha!”. A pobre mãe apenas resmunga “Hmmmmmmm!”.  As duas estão com olhar diabólico, mas fofo ao mesmo tempo! Não existe maldade naquela ação, apenas traquinagem. É como se as duas fossem Treemons. 



--- Bulls, não vai interferir? --- pergunta Murdok. 



--- Naahhh! Minha mãe mimou muito elas. Quando o papai chegar, ele dá um jeito nisso! ---- responde Bulls já sabendo do que está acontecendo no quarto das suas irmãs. Como bons rastreadores, todos estão cientes daquilo, menos o Erusu que fica com cara de quem não está entendendo nada. 



--- Essas duas estão corrompidas! --- diz Omyarap, que recebe uma cebola jogada na cara. Ele esquiva com facilidade, mas não deixa a comida cair no chão, trespassando-a com uma faca. --- Não desperdiça comida! 



--- E você não fala da minha família! --- reclama Bulls. 



Algumas bebidas depois e algumas carnes no espeto depois.



--- Sadraque, senhor! Eu gostaria de fazer uma pergunta. 



--- Estamos fora de serviço, então, tire o senhor da frente. E, sim, pode fazer a pergunta! --- responde Sadraque. 



--- Eu notei que você tem um certo receio de mulheres. Estou errado?



--- Ficou tão aparente assim? --- pergunta Sadraque.



--- Um pouco! Quando o conduzia pela cidade, eu notei que você se mantinha afastado das garotas. Quando conversava com um homem você sempre estava tranquilo, mas quando uma mulher se aproximava, eu sentia seus músculos ficarem tensos. --- afirma Murdok. 



--- Ficou muito aparente pelo visto. E olha que eu tenho me esforçado para evitar que isso transpareça. Entretanto, é difícil esconder isso de soldados experientes como você, que possuem o rastreio como habilidade. --- fala triste Sadraque. 



Todos ficam em silêncio. A bebida parece que ficou um pouco amarga e as chamas da churrasqueira começam a se apagar, com o carvão estalando e quebrando o silêncio que se faz. Omyarap toma sua cerveja com um gole só e toma a iniciativa da palavra. 



--- Aqui somos todos soldados leais, e um elfo bom. Não existe nenhum espião, ou sistema de escuta mágica que revele o que vai ser dito, por isso, se desejar se abrir conosco, somos seus amigos! --- afirma com convicção o jovem, tendo o apoio dos sorrisos de todos os outros. 



--- Obrigado! Amigos, né? --- diz Sadraque sorrindo com uma certa tristeza. Ele toma seu copo de cerveja com um único gole, pois a cerveja dá coragem, e diz em um único arranque de voz: --- Pois bem, vou contar. Como sabem, sou um herói invocado de outro mundo pela Primeira-Sacerdotisa. Coisa padrão em toda a fantasia! 



--- Fantasia? --- pergunta Erusu. 



--- Na minha vida anterior, eu tive uma infância difícil. Sempre doente, eu tinha um aspecto muito magro e pálido. Vivia em hospitais, sendo internado de madrugada. Muitas infecções. Por isso, meu aspecto físico era ruim e, vocês sabem como crianças podem ser más, eu era alvo de muita perseguição. Eu era alvo principalmente das garotas. Sim, as garotas também praticam bullying de onde eu vim. O pior bullying que recebi foi de uma garota mais velha, dentro do colégio. Era um semi-internato e as aulas tinham acabado. Eu não conhecia essa garota. Não era da minha sala e era bem mais velha. Ela me direcionou para o banheiro feminino. Depois disso, minha memória bloqueou. Eu não lembro o que aconteceu lá dentro, mas passei a sentir um medo instintivo de mulheres, quando elas chegavam mais perto de mim. Intimamente. Certa noite, eu acabei descobrindo uma doença venérea, sendo que eu ainda era virgem. Isso me deu a certeza de que o que aconteceu lá dentro do banheiro não foi nada bom. 



Todos ficam parados em espanto. Para a realidade deles é incompreensível que isso aconteça entre pessoas da mesma raça, a menos que haja corrupção ou magia de controle. A situação acontecer simplesmente por pura maldade do coração humano era algo difícil de entender, mas eles conseguiram pegar a ideia mesmo assim. Afinal, por analogia da situação, era como se essa garota estivesse corrompida sob o efeito da influência do Lorde Demônio. O herói prossegue.



--- Depois disso, eu nunca mais consegui chegar perto de uma mulher sem sentir medo. Eu tentei fazer artes marciais, para me fortalecer, mas a sensação não me abandonava. Eu tinha apenas quatro pessoas na minha vida, me dando apoio: minha bisavó, minha avó, minha mãe e meu avô. Ninguém mais. Algumas pessoas iam e vinham, mas nenhuma delas permaneceu para que eu a chamasse de amiga e isso foi construindo meu caráter. Uma pessoa fortemente ligada à família, e sem intenção de relacionamento fora dela, mas isso também tinha um peso. Eu queria amigos! Passei a dar dinheiro para youtubers e streamers na intenção inconsciente de ser aceito em algum lugar. Depois eu explico o que seriam youtuber e streamers. 



--- Ok! --- todos dizem. 



--- Eu me sentia feliz quando dava dinheiro para eles e eles diziam meu nome e falavam comigo. Era a pior solidão do mundo, eu confesso. Uma pessoa fraca, infeliz, solitária e medrosa. Com o tempo, eu descobri a origem das minhas doenças recorrentes. Eu era imunodeficiente, ou seja, meu sistema imunológico não funcionava direito, pois faltava a ele imunoglobulinas na quantidade certa. Eu precisava de tratamento frequente. Como se não bastasse, as minhas queridas pessoas foram morrendo uma a uma, até que só restasse um Sadraque solitário, velho, medroso e fraco. Acidentalmente, um dia, eu acabei tomando um produto lácteo vencido. Não tinha nem forças para procurar ajuda. Achei que morreria, até que vi um anjinho de cabelos ruivos me estendendo a mão. Eu disse para mim mesmo que eu pegaria aquela mão, nem que fosse a última coisa que eu fosse fazer. E eu enfrentei aquele medo e peguei naquela mãozinha. Era a magia da Primeira-Sacerdotisa me invocando. De resto, vocês já sabem! 



--- Sa-sa... Sadraqueeeeee! --- diz um Erusu com tantas lágrimas nos olhos que escorreram todas de uma única vez fazendo uma verdadeira cachoeira. Ele abraça Sadraque instintivamente. Para o elfo, que nunca teve um amigo, Sadraque era uma pessoa com uma tristeza semelhante. Ao se identificar com ele, a compaixão foi muito grande e ele acabou por abraçar sem perceber. Sadraque recebe aquele abraço gentil e o abraça de volta. 



--- Depois dessa, vamos beber! A melhor coisa que se deve fazer em momentos assim é compartilhar um abraço, e o Erusu já fez isso, e compartilhar a bebida! Vamos beber! --- diz Bulls servindo o copo de Sadraque. Omyarap dá uns tapinhas gentis nas costas do herói e Murdok também! 



--- Eu já te venerava por sua bravura. Agora que eu sei de seu passado, e como você deve ter lutado internamente para chegar até onde você chegou, minha admiração por ti cresceu ainda mais! --- diz Murdok sorrindo! 



--- Eita! Quanta amizade! --- diz o pai de Bulls que havia chegado em casa. Um senhor mais alto e forte que o próprio filho que já era espetacularmente forte. 



--- Ah! Pai, as minhas irmãs estão com a nossa mãe lá em cima! --- avisa Bulls. 



--- Essas duas não tomam jeito! --- diz ele. --- Guardem um pouco de carne e cerveja para mim. Eu volto em algumas horas para acompanhar vocês. 



Os passos do pai de Bulls são tão fortes que eles o ouvem subindo as escadas. Mesmo do quintal eles ouvem uma porta quebrando. “Pai!”, “Que susto! Não precisava colocar a porta abaixo!”. Em seguida eles ouvem sons de tapas e alguns choros e deduzem o que aconteceu. Em seguida, eles ouvem uma outra porta fechando e uma voz bem baixinho falando: “Querido, não vai me desamarrar?”, “Querido, assim não! Aaannnnn!”. Erusu olha para Bulls que está vermelho. Omyarap fala:



--- Cara, a sua família precisa de um ritual de purificação urgente! 



--- Não enche! Eu ainda vou ter que consertar aquela porta de novo! --- diz Bulls bebendo mais um copo de cerveja.  



E a festa deles continua com mais carne e bebida. Erusu fica nos legumes. Já na casa de Omyarap, a coisa anda um pouco diferente. As meninas estão todas no chão da sala de estar. Miyako, Ming  e a Primeira-Sacerdotisa estão de pijamas e Mugi e a Madre-Sacerdotisa estão de camisola. Tem muitos doces e salgados espalhados pelo chão, com cerveja para a Ming, vinho para Mugi e sucos para as outras sacerdotisas. Enquanto para os homens a conversa estava ao redor da churrasqueira, para as meninas a conversa está ao redor da mesa com revistas e comidinhas diversas. 



--- Eu já falei que você tem que ficar na igreja dando suporte. Não pode ficar vindo conosco. --- diz Ming para Miyako.



--- Eu já falei que vou com vocês! Minha magia sai mais forte se eu for presencialmente e aquela imagem feita pelo talismã pode ser atacada também, então, não vejo problemas em ir pessoalmente.



--- Se o Bulls estiver ocupado defendendo Murdok ou Omyarap e eu não perceber um inimigo, você ficará exposta. E ainda tem um agravante. Presencialmente, eu sei de um modo de impedir que uma sacerdotisa efetue seus cânticos. --- diz Ming com o dedo para cima. --- Um talismã impediria isso. 



--- Quero ver! Como que me impediriam de efetuar um cântico? --- desfaia Miyako. 



--- Desafio aceito! Eu vou te atacar. Tente me parar se puder! --- diz Ming com olhar suspeito e um sorriso maligno na cara. 



Ambas ficam em pé na sala. Miyako tenta se colocar o mais afastado possível da Ming, sabendo de sua velocidade. Ambas estão prontas e Mugi dá o sinal para elas começarem. Antes que Miyako comece a cantar, Ming avança e coloca os dois dedos indicadoras em cada axila da sacerdotisa, por debaixo de seu pijama. Miyako percebe a armadilha, mas já é tarde demais. Ming sorri malignamente e começa a fazer cosquinha. 



--- Naão ... va... ba jeoi.... ahahahahahahahaahahahahaha!  



Miyako não consegue articular uma palavra. Ela ainda tenta se afastar, mas Ming a derruba em cima do sofá. Com a guerreira em cima dela, a sacerdotisa tem seus dois braços imobilizados para cima, atrás da cabeça. Ela tenta, mas não consegue se soltar. Ming continua com um sorriso maligno no rosto e Miyako percebe que a tortura ainda vai continuar.  Ela olha em desespero para as outras sacerdotisas, que ficam apenas observando. Ming ataca novamente com o dedo embaixo da axila dela. Cosquinha intensa que faz Miyako gargalhar sem controle. 



--- Hahahahahahaha ......haaahahahaa..... suaaahahahahahahaah..... taridoaraanshahahahahashs! 


 ---- Ora! Quero testar essa teoria também! --- afirma a Madre. Ela agarra a Primeira-Sacerdotisa por trás, colocando as mãos sobre as laterais da barriga dela, apertando na medida certa e no local correto. A Primeira-Sacerdotisa começa a se contorcer e rir! 



--- Não vale! Hahahahahahaahaha --- tenta dizer ela enquanto se contorce tentando escapar das mãos da senhora.



Mugi fica assistindo aquilo com a mão no rosto e comendo uma batatinha. “Essas crianças de hoje em dia”, pensa ela, enquanto Miyako tenta escapar de Ming e a Primeira tenta escapar e contra-atacar a Madre. Ming tira as meias da Miyako, colocando-a em uma imobilização que expõe a sola de seus pés para as mãos da Ming. A posição da imobilização impede até que Miyako gire o quadril, deixando seus pés vulneráveis. Ela tenta soltar seus pés sem sucesso. Ming os agarra com vontade. A sola branquinha vai se tornando vermelha pela pressão aplicada pela imobilização da guerreira.   



--- Não! Não! Eu me rendo! --- diz Miyako. 



--- Não existe rendição no campo de batalha das cosquinhas! --- diz Ming já executando com seus dedos a cosquinha nas solas dos pés imobilizados da sacerdotisa gênio. Começando bem devagar e pegando velocidade aos poucos, os dedos de Ming vão dançando nas solas dos pés da Miyako! Miyako tenta defender a sola de um pé com a sola do outro pé, mas é apenas desespero. Ming se diverte alternando a cosquinha entre o pé direito e o pé esquerdo. Miyako agita freneticamente os pequenos pés nesse momento, sem saber como se soltar. 



--- HahahailjshaaN\    AahahahahahaçaaopapAAHSHA --- gargalha sem controle a pobre sacerdotisa. 



Em seguida, Ming se senta por cima das pernas dobradas da Miyako, com a barriga dela voltada para baixo, e imobiliza os braços dela por trás. Com uma mão livre, enquanto imobiliza as duas mãos dela com uma única mão. Ela imobiliza os dois punhos fechados da sacerdotisa com sua mão esquerda. “Que punhos pequenos. Que mãos gentis”, pensa Ming.  Ela sinaliza o que vai fazer quando retira da frente o longo cabelo, da pobre religiosa, e expõe sua bela nuca. Miyako tenta se defender, mas não vê jeito. Os dedos da Ming já estão em seu pescoço. Ela já se vê derrotada. A cosquinha começou.



--- Perdão! Perfdão! AHhaahahahahahahahaahahaha



A Primeira também não consegue se livrar da Madre que se senta em cima de sua barriga e consegue acesso às suas axilas. A ruiva torna-se pequena, com olhar de submissão, quando se vê em uma situação assim. A Madre sorri. A cosquinha faz com que ela bata as pernas sem controle, tentando tirar a senhora de cima dela. Suas pernas, com lindas coxas grossas, sacodem em vão. Sem sucesso.



--- Re... relâmpago!! --- consegue encantar um milagre por milagre a Primeira-Sacerdotisa, fazendo com que a Madre e a Ming tomem um choque. Isso faz com que as duas parem. Miyako consegue um tempo e encanta:



--- Congele! --- o cântico de congelamento imobiliza Ming e a Madre. 



Depois de recuperarem o fôlego e de descongelarem as outras duas, Miyako e a Primeira olham com fúria para Mugi que só ficou assistindo. E elas crescem para cima da mãe de Omyarap que tenta fugir. Ela consegue escapar do abraço da Miyako, mas a Primeira consegue segurá-la pelo pé, fazendo com que a Miyako a consiga alcançar. Um pequeno catfight começa e termina rapidamente com a mãe do soldado  no chão, com a Miyako em cima de sua barriga, agarrando-a pelos pulsos e com a Primeira segurando suas pernas para o alto, pelas lindas coxas, seguras embaixo de seu braço. Mugi tenta se soltar, sacudir suas pernas, mas nada consegue. 



--- Você vai pagar por não ter ajudado a gente! --- diz uma furiosa sacerdotisa. 



--- Desculpa? --- tenta se desculpar em vão a bela senhora. 



--- Primeira, ela é toda sua! --- diz a Miyako. 



A Primeira vai, então, deslizando seu abraço das coxas da Mugi até chegar aos seus pés. Mugi com sua camisola, e a Miyako em cima dela, segurando-a firmemente pelos pulsos. E com seus pés imobilizados pelos tornozelos, que estão agora seguros pelo braço da Primeira. Desse jeito, a mãe de Omyarap está lindamente indefesa. E a cosquinha de vingança começa sem piedade. Os pés da Mugi sacodem com a cosquinha intensa de unhas grandes e bem-feitas.  A pele dela é deliciosamente acariciada pelas unhas afiadas da Primeira e seus pés dançam em uma tentativa de se livrarem de seu tormento. A gargalhada da Mugi é aveludada como sua voz. 



Depois de toda essa guerra, quando a energia de todas se esgota, elas se acalmam e voltam a conversar. 



--- Desculpe a brincadeira, Miyako! Eu passei dos limites! --- diz Ming bebendo uma cerveja e com o cabelo todo bagunçado pela eletricidade. 



--- Está tudo bem! Eu entendi seu ponto de vista! Apesar de ser uma brincadeira, você me mostrou uma vulnerabilidade real. Vou adicionar alguns feitiços contra coisas parecidas ao meu traje sacerdotal, tal qual o feitiço das lâminas que eu já tenho, --- diz Miyako tomando um chá para se acalmar, enquanto a Primeira penteia seus cabelos. --- Mas eu vou continuar indo com o grupo! Não vou ficar na igreja! 



--- Ah, Primeira, eu gostaria de saber como foi o seu primeiro encontro com o herói. Poderia nos contar? --- pergunta a Madre. 



--- Sim, eu quero saber também! --- afirma uma Mugi se recuperando de forma instantânea do inferno de cosquinhas. 



--- Bom, já que vocês querem saber! Eu vou contar com detalhes! --- diz ela sorrindo! --- Para não confundir, o Rei Demônio que aparece na história não é o Lorde Demônio. O Rei é um degrau abaixo do Lorde que é um degrau abaixo do Deus. Ah, vou fazer melhor, vou usar um cristal para narrar essa história. O cristal foi usado por outro sacerdote, então, vai parecer em terceira pessoa.



--- Ok! 



A Primeira canta e sussurra para uma pedra, que começa a brilhar e a falar, mostrando o passado como se fosse uma televisão, um documentário projetado em holografia. A voz que se ouve do cristal é de um homem.



Transmissão ON


“O Passado não muito distante.


RITUAL



Enquanto a cidade e aldeias vizinhas ardem em chamas, gritos e lamentos, o Rei Demônio assiste a tudo em sua sala do trono. Não é seu castelo, mas um palácio tomado à força.  Ele tem uma presença forte. Uma armadura em vermelho-sangue, adornada com ossos, que produz um lamento profundo. Ela é composta por almas que ousaram desafiar o Rei Demônio e o lamento é o seu choro profundo de agonia. Ele é alto e seu corpo é musculoso. Seu rosto é pura sombra e seus olhos são como duas luas cheias. 


Ao lado de seu trono, muitos corpos de reis, nobres e cavaleiros. Um deles ainda vive. Um cavaleiro estremece, tentando se levantar. O Rei Demônio usa sua cabeça como calço para seus pés. 



--- A Primeira-Sacerdotisa irá invocar o herói e seu reinado acabará! --- diz bravamente o cavaleiro ferido.



--- Eu conto com isso! --- responde o Rei Demônio que aproxima seu rosto do cavaleiro tombado. Com suas mãos, ele força a abertura da boca dele e, com seus dedos, arranca-lhe a língua. 



Com sua língua em mãos, o Rei Demônio sussurra uma maldição, espremendo a língua com seu punho. A língua se desfaz em sangue e líquidos, que são guardados em um cálice. O Rei Demônio bebe desse cálice. O cavaleiro agonizante apenas assiste a tudo horrorizado. Uma jovem, então, entra nessa sala. Uma jovem com cabelos prateados e carne azulada. Uma feiticeira. O Rei Demônio esmaga a cabeça do cavaleiro com seus pés e se dirige a ela. 



--- A Primeira iniciou o ritual. Logo, o herói aparecerá! --- informa ela ao Rei. 



O imperador infernal sorri. Seu sorriso faz estremecer a sala e coloca medo no coração de cada verme que ali está presente. A feiticeira recua, desviando seu olhar. Apenas um mero olhar do Rei Demônio é capaz de matar, enquanto um simples sorriso dele é capaz de retirar a alma de seu corpo e sugá-la ao pior dos infernos.    



Longe dali, em um ambiente totalmente diferente, 4 sacerdotisas auxiliam a Primeira na prática de invocação do herói. Em uma sala com mármore, porcelanas e velas, um eixo místico é traçado no chão. Ela se aproxima. Todas as deusas são conhecidas por sua beleza. Essa sacerdotisa, em questão, é uma das mais belas sacerdotisas e parece uma deusa, tendo o apelido de deusa por conta disso. Um cabelo como fogo, adornado com o dourado do sol, e uma pele branca como a neve. Seu corpo exibe contornos suaves, que indicam que a deusa é uma garota que gosta de dançar. Suas sacerdotisas são igualmente belas. Cada uma delas representa um elemento da natureza, enquanto a Primeira-Sacerdotisa simboliza um quinto elemento: a alma humana.



Enquanto o ritual é realizado, elas não percebem a aproximação de sombras que se esgueiram pelos cantos da sala. Uma movimentação ausente de som e imperceptível. A deusa entoa um canto, enquanto começa uma suave dança. Suas sacerdotisas acompanham o ritmo da música em um estilo semelhante ao de corais de Igreja, apesar da música ter um ritmo mais forte. Se não fosse uma sacerdotisa, sua dança motivaria a luxúria no coração dos homens. E, com sua dança, a deusa ativa símbolos no eixo místico. Um portal se abre e uma presença caminha em direção a elas. As sacerdotisas riem de alegria. O ritual foi um sucesso. O herói foi invocado! Embora não totalmente materializado, o herói já se faz presente.



O herói, em processo de materialização, possui 179 cm. Ele aparenta ter 85 quilos e o corpo parece forte. Ele está vestindo uma camisa verde-oliva e uma calça de cor negra. Acima de seu olho esquerdo ele possui uma cicatriz que se estende por quase metade de sua testa. Seus olhos são castanhos e seus cabelos são lisos. Seu olhar está atento em direção ao rei Demônio, como se soubesse que ele é o inimigo. Um ser quase transparente está escondido atrás do herói, não se revelando.”



Transmissão OFF



--- Que chique! Eles te chamam de deusa por sua beleza! --- suspira Ming para a Primeira, que não está se gabando e nem mentindo sobre isso.  



A Primeira continua a história através de sua jóia. Todas pegam algo para comer e assistem atentamente ao que está passando através do cristal. 



Transmissão ON



“Suas sacerdotisas também se alegram. Infelizmente, sua alegria dura pouco. As sombras se revelam. O rei Demônio e um pequeno batalhão de Minotauros invadem o salão, para a surpresa, inclusive, da deusa. O Rei Demônio investe contra ela e contra o herói, que ainda não está plenamente materializado. A deusa tenta se defender com uma muralha de cristal, que se assemelha a um lindo tecido de seda. 



--- Não deixarei que toque no herói! --- ela grita bravamente.



O Rei Demônio continua seu avanço e arrebenta a muralha da deusa com apenas quatro socos. Ela recua um pouco na tentativa de invocar outra magia. O Rei Demônio se teleporta para detrás dela. Ela, em um grande susto, apenas consegue acompanhar com os olhos a investida dele. De sua capa negra saem espíritos de escuridão que agarram a deusa, impedindo-a de se movimentar. Ela concentra sua magia através de todo o seu corpo e expulsa os espíritos demoníacos com sua luz. Com um pouco mais de tempo, ela invoca suas asas angelicais, na tentativa de levar o combate a outro lugar e preservar o herói, que a tudo assiste, mas nada pode fazer, pois sua materialização ainda não se completou. 



O Rei Demônio ri. Com um único gesto de seu punho, ele lança espinhos que alcançam as asas da deusa, empalando-a em uma das colunas da sala. Ele se teleporta para perto dela. Com um sorriso maligno, ele agarra o rosto da deusa e desfere sucessivos golpes contra ela. As sacerdotisas, imobilizadas pelos minotauros, assistem e gritam para que ele pare. 



--- Como é uma sacerdotisa, sua característica principal é a imortalidade e seu sistema de cura e recuperação, que permitem que nunca adoeça ou envelheça. Vou gostar de ter um brinquedo para torturar que seja tão durável assim! --- o Rei Demônio, após mais alguns socos, que fazem a deusa quase perder a consciência, invoca goblins. Eles começam a amarrar a Primeira-Sacerdotisa como se ela fosse um porco a ser devorado em uma fogueira.



 --- Essas cordas tem meu sangue, então, elas anulam qualquer força divina que venha a tentar lançar. Não precisa nem tentar! --- diz o rei Demônio. 



Mesmo após o aviso, a Primeira tenta invocar sem sucesso um guardião. Os goblins arrancam suas asas com navalhas e continuam a amarrar a deusa, em um hogtie reverso bem apertado, que a faz ser incapaz de se movimentar. Enquanto os goblins a colocam de barriga para cima nas costas de um Hobgoblin, ela ainda tenta falar:



--- Perdão, herói! Eu não consegui te defender! 



--- Sim! Sim! Temos aqui um herói! --- gargalha o rei Demônio aproximando-se do rapaz que, agora, está plenamente materializado. O herói permanece imóvel, mas sua expressão é de pleno ódio.



  --- Eu vou seguir o clichê e vou dizer o que está acontecendo aqui. Sei que não poderá intervir, herói, pois minha vitória é certa. Vilões que falam muito são horríveis, mas vou explicar.  



--- Não preciso de explicações que saiam de uma boca fétida! Vamos direto para o último capítulo, no qual eu te espanco até a morte! --- Fala o herói, rangendo os dentes de puro ódio. 


--- Enquanto não era materializado, precisei observar calado sua brutalidade. Agora, quero é ver teu sangue! --- fala ele com puro ódio. 



A deusa e o Rei Demônio observam em silêncio as palavras do herói. Incrédulos! As sacerdotisas já não estão presentes. Foram levadas para o reino morto através do teleporte da feiticeira que acompanha o Rei Demônio. Elas lutaram bravamente, e derrotaram 6 minotauros que agora estão caídos na sala de invocação. 



--- Há! Há! Há! --- gargalha o rei Demônio em puro deboche! --- O herói é valente! Mas veja bem, herói, você acabou de ser materializado. Pelas regras divinas de invocação, seu nível é baixo. Eu confirmei isso com meu olhar satânico! Já eu, estou em meu nível máximo! Sou capaz de destruir uma montanha com um simples sopro! A muralha de cristal da deusa é capaz de deter ataques de um Titan, ou o ataque de fogo de um Dragão Dourado. Eu derrubei a muralha com quatro golpes! 


Antes que o rei Demônio termine a explicação, o herói move-se com grande velocidade. Ele despedaça os goblins e o hobgoblin que estavam com a deusa em cativeiro, tirando-a do caminho. Imediatamente, ele desfaz as cordas e percebe que a sacerdotisa já não tem mais cicatrizes dos golpes do lorde demoníaco. Seu sistema de regeneração é realmente rápido. Até mesmo as marcas das cordas já estão desaparecendo de sua pele alva. Ele se impressiona. O Rei Demônio silencia mais uma vez! 


O herói parece assustado agora, mas ninguém sabe o motivo. Ele solta a Sacerdotisa e se afasta dela. Com isso, sua coragem regressa e ele fala ao Demônio:



--- Você é lerdo? Eu disse que não quero explicação nenhuma que venha de sua boca maldita! Pare de falar e comece a socar! --- Grita o herói contra o agora enfurecido Rei Demônio. 



O rei avança contra ele. Seu punho é envolto por trevas e almas. Ele concentra mais energia nesse único golpe do que nos quatro que desferiu contra a muralha da deusa. É um golpe muito mais poderoso. 



Em questão de meio segundo, muita coisa acontece. A Sacerdotisa pensa: “Que golpe monumental! Com certeza, destruiria essa cidade inteira se ele desferisse esse soco contra o chão. Preciso proteger o herói!”. Antes que pudesse erguer a mão, uma serpente a morde. A feiticeira lançara um feitiço de paralisia contra ela. Como estava enfraquecida pelo combate contra o demoníaco ser, o feitiço conseguiu paralisá-la. Ela cai de joelhos. O herói percebe, porém nada faz até receber diretamente o soco do vilão. As ondas de choque estremecem os pilares e quebram janelas. A Feiticeira é lançada para trás alguns metros.



--- Adeus, herói! --- ri o rei Demônio. A Primeira apenas observa paralisada. Antes mesmo que seus olhos gerassem lágrimas, o herói responde de maneira irônica:



--- É só isso?



O Rei Demônio afasta-se por um momento. Está confuso! Novamente, ele inicia a visão satânica, pois não acredita que o herói, em nível iniciante, pudesse suportar um golpe como esse. A visão satânica, à princípio, mostra o herói em nível baixo.



--- Está usando a visão satânica de novo, não? Direcione seu olhar um pouco mais acima de minha cabeça! --- Responde o herói, provocando o rei. --- Vou te deixar ver o que está ali. 



O rei Demônio, então, percebe a aparição de um pequeno garoto a flutuar acima do herói. Um garotinho com cabelos pretos curtos, olhos prateados e idade para estar no ensino fundamental. Ele flutua para perto do herói e abraça o pescoço dele, provocando com a língua o rei Demônio que o está observando. 



--- Não pode ser! Ele!



--- A encarnação do sistema divino! --- explica a deusa, em um espanto, se levantando! A paralisia havia terminado graças ao poder divino de recuperação. 



A encarnação do sistema divino é uma espécie de inteligência espiritual responsável pela organização e manutenção das leis que regem o universo. Foi criado pelo Deus Absoluto dessa dimensão para auxiliá-lo nas tarefas diárias e na fiscalização da ordem. 



O herói, sem dar nova chance para o vilão, aproxima-se com velocidade intensificada. A encarnação do sistema o acompanha e aumenta seus atributos físicos, fazendo com que o herói, por alguns instantes, torne-se mais forte que o seu agressor. Com inúmeros socos seguidos, ele obriga o rei demoníaco a retroceder. Gradativamente, os socos vão aumentando a sua força ao ponto do lorde demoníaco não conseguir mais enxerga-los e nem se conseguir se defender deles. E quanto mais intenso o golpe, mais danos o Rei Demônio vai recebendo. 



Em uma tentativa de escapar, o rei Demônio tenta se teleportar. O herói percebe e, com o poder do sistema divino, materializa uma corrente com uma lança na ponta. O rei tenta um teleporte até suas terras. Um reino morto, sem animais, plantas ou pessoas. Uma região aonde até mesmo as rochas estão ardendo em chamas. O herói lança sua corrente que ultrapassa a dimensão espacial. A corrente o alcança em sua terra e, com essa corrente, ele fere o rei, prendendo-o com a ponta da lança e o arrastando para junto de si, através de uma fenda dimensional aberta pela corrente. Assim, o herói não permite sua fuga. 



O herói continua seu ataque com socos bem treinados. Dessa vez, os golpes do herói estão intensificados ao ponto de terem suas ondas de choque sentidas e ouvidas fora da sala de invocação. Cada soco quebra o osso correspondente ao lugar do impacto do punho do herói, danificando também órgãos internos. A sequência de golpes chega a 500 socos em menos de um segundo. O calor transferido pelo impacto vai derretendo a armadura, libertando as almas ali aprisionadas. A energia acumulada vai destruindo o corpo do agredido. A sequência dura exatos 60 segundos e recomeça novamente por mais 60 segundos.



A feiticeira tenta impedir  a ação, mas dessa vez, a deusa está um passo adiante e lança contra ela uma flecha. Materializando um arco e flecha, a Primeira acerta seu coração em cheio. A feiticeira cambaleia e cai.  Por fim, uma massa disforme vai ao chão, destruída e queimada. Essa massa disforme é o que sobrou do rei Demônio. O herói concentra-se em sua respiração. A quantidade de movimentos e sua intensidade quase lhe fazem ir ao chão. O sistema divino o ampara e inicia um procedimento de cura. A deusa se aproxima do herói, maravilhada com seu combate. 



--- Herói! Como? --- ela pergunta, desejando saber o que está acontecendo. --- Pelas regras de invocação de heróis, claramente, houve aqui uma violação. Não que eu esteja me queixando. Pelo contrário, eu te agradeço a ajuda. 



--- Eu vou explicar tudo, mas, aguenta um pouco. Ainda não acabamos! --- ele responde, com os olhos assustados e fixos na massa disforme que começou a se mexer. --- Parece que ele tem uma carta na manga. “



Transmissão OFF



A Primeira-Sacerdotisa para aqui a transmissão para tecer um breve comentário que ninguém entende, mas que os homens no churrasco sabem hoje seu significado. Ela diz: “Até o mais covarde dos homens honrados se torna um gigante quando precisa defender o que acha correto! E seu fôlego assustado se torna uma chama de coragem, quando ele precisa lutar contra uma injustiça”.  Depois disso, ela deixa a transmissão prosseguir com um sorriso no rosto e muito carinho nos olhos. 



Transmissão ON


“Uma energia negra, densa como um magma, envolve a massa. Ela se contorce e se mexe, até que eles percebem que o corpo está se regenerando. Pele, músculos, ossos e tecidos em geral estão se refazendo. O Rei Demônio exclama:



--- Maldito! Maldito! Precisei usar minha magia de reestruturação. Não imaginei que seria preciso. Ainda bem que a iniciei antes de entrar nessa maldita sala. E eu pensando que seria fácil destruir o herói, se ele estivesse em nível baixo. Acho que me enganei. Eu não imaginei que o sistema divino estivesse incorporado em você. Errei! Merda! Errei!



Magias de reestruturação, quando lançadas em seres vivos, englobam a recuperação total de tecidos, de acordo com o momento em que o feitiço é lançado. É como um sistema de back-up de um sistema operacional, que volta o sistema a dados gerados anteriormente em seu ponto de recuperação. Dessa forma, o vilão se refez. A magia necessita escanear todo o ser e guardar os dados em um ambiente seguro, sendo acionada sua restauração quando o sistema original é danificado a um determinado nível cujas magias de cura não conseguem solucionar. É uma magia muito poderosa e necessita de muita energia para ser realizada. Somente poderosos magos conseguem lidar com ela. 



--- E o que vai fazer agora? --- Pergunta o herói. 



--- Renda-se e retire suas tropas. Acabe com a invasão e será poupado! --- exige a sacerdotisa.



--- Haá! Há! Há! Há! Há! --- ele gargalha. --- Eu não cheguei até aqui para fugir. Mesmo porque o herói negaria minha fuga com sua corrente. Como o herói disse, estamos no capítulo final, no qual eu sou espancado. Entretanto, meu ódio será seu destino. Mesmo que morra, eu terei uma vitória ao menos. Aqui será o fim de tudo! O fim do ciclo! E minha próxima encarnação será vitoriosa! 


O rei Demônio invoca uma arma. Uma lança. Sua nudez é coberta por chamas negras que formam uma nova armadura. Ele sussurra um feitiço que aumenta seu poder de combate, seus atributos de habilidade e seus dons de magia. Sua presença torna-se sufocante até mesmo para a deusa que acompanha esse combate.



Ela fica imersa em pensamentos: “Impressionante! Se antes ele estava capaz de destruir essa cidade com um único punho, agora, acho que ele destruiria o reino inteiro se quisesse! Que poder! Nunca um Rei Demônio apresentou tanto poder! Apesar do herói estar amparado pelo sistema divino, acredito que os golpes dos dois provocariam danos para esse reino. Preciso isolar o combate!”. A deusa invoca uma magia de restrição espacial, isolando a ela e os dois combatentes em um ambiente espaço-dimensional diferente do ambiente no qual está o reino. 



--- Vamos, herói! Invoque o Olho de Esper! --- diz o vilão colocando-se em posição de combate com a lança à frente!



O herói não invoca o Olho de Esper, mas um escudo e uma pequena adaga. O vilão se surpreende. A única arma capaz de matar o Lorde Demônio e, claro, o Rei Demônio, é o Olho de Esper e, no entanto, o herói não o invoca. O vilão fica confuso e evita o primeiro ataque. Ele percebe que existe algum truque e não quer baixar a guarda. Foi mais um erro. O herói percebe a surpresa e avança com um teleporte. Mais uma surpresa para o vilão, pois o herói também consegue usar o teleporte. 



A lança é útil em combates à distância, mas para combates à curta distância a adaga é um melhor instrumento. Ao encurtar a distância entre ambos, o herói inutiliza o uso da lança. Uma estocada rápida no plexo torácico, seguida de uma punhalada na parte mole do queixo, que alcança e perfura o palato, seguido de uma virada rápida com corte na garganta, em uma jugular. Foram três ataques assassinos e rápidos, mirando o coração, o crânio e a garganta. 



O vilão grita de dor. Os golpes do herói e os gritos do vilão ecoam como ondas nessa dimensão espacial nova. Como consequência dessas ondas, a dimensão entra em colapso e a estrutura é destruída. Eles retornam ao reino. A Primeira-Sacerdotisa cai exausta. 



Deusa: “Argh! De fato, o poder deles é assustador. Nem mesmo eu consegui mantê-los em uma dimensão paralela. Com poucos golpes e um único grito, eles destruíram aquele ambiente que eu criei. Espero que tenha terminado. Não conseguirei ajudar. Estou muito cansada”.  



Sistema divino pergunta ao herói, em um elo psíquico: “Herói, em seu mundo existe uma ciência chamada balística. Você poderia ter usado um projétil à longa distância para abater o rei, por que não o fez?”, o herói responde na mesma sintonia: “Eu não tinha certeza se poderia usar a magia em um projétil lançado. Por segurança, preferi uma adaga que é um instrumento perfurante de curta distância, para garantir a efetividade do efeito da magia. Além disso, eu me empolguei um pouco quando ele invocou uma lança e preferi atacar usando uma adaga. Desculpe”.


 


--- O herói é cauteloso! --- conclui o sistema divino.



--- Bravo, herói! Mas sem Esper, eu me recuperarei e continuarei meu ataque. --- antes que ele termine a frase, o vilão sente algo estranho, pois nenhum dos seus ferimentos é restaurado. Ele continua sangrando e seu sangue, ao tocar no chão, derrete o mármore, penetrando profundamente no solo. Ele percebe que vai morrer.



--- Como? --- o vilão, então, tenta uma magia de cura. Sem resultado. Ele continua sangrando e começa a cambalear pela perda de sangue e tecidos. Ele olha para o herói, seu olhar é um pedido de explicação. 



--- Vou explicar. Eu não invoquei o Olho de Esper, pois só o deus Absoluto o pode fazer. O que fiz foi introduzir muitos vírus em seu sistema através do Sistema Divino. Você não tem como lidar com a quantidade de vírus e maldições que estão sendo lançados continuamente contra você. Está sobrecarregado!



O rei Demônio, já de joelhos, ri e diz:



--- Perdi pois me faltaram informações. Não se pode ir à guerra sem conhecer o seu inimigo. Eu achei que conhecia o herói. Eu me enganei. Eu sofri minha derrota por isso. 



--- Assim como você não é propriamente a encarnação do Lorde Demônio que vem destruindo essa terra há gerações, eu também fui alterado para combatê-lo melhor! Se você trapaceou, posso afirmar que fiz o mesmo. --- diz o herói lançando a adaga na testa do vilão. 



O vilão estremece. Ele cai sem vida. Nem mesmo um último suspiro. Agora, totalmente deitado, seu corpo começa a se desfazer. Seu sangue, sua carne e seus ossos imundos começam a consumir o mármore e começam a atravessar o chão. O rei Demônio, enfim, sucumbe. O herói respira fundo, a deusa suspira e o sistema divino se torna visível novamente.



Transmissão OFF



--- Nossa, como ele é bacana! --- diz Ming com o rosto iluminado de tanta alegria. 



--- Ele luta bem! --- afirma a Madre dando soquinhos no ombro da Mugi que pede para ela parar. 



Miyako se lembra de sua aula, quando ela disse que ela tinha esperanças que alguém, algum dia, fosse conseguir se equiparar ao poder do Deus Absoluto para encerrar a tormenta de ciclos de morte cometidos pelo Lorde Demônio e pelo Deus Invasor. Quando ela viu o próprio sistema divino acompanhando o novo herói invocado, ela começa a chorar de alegria. “Será? Será ele quem dará um fim a esse ciclo de dor?”, pensa ela e começa a orar para que seja verdade e que esse sentimento se torne real para todos. 



--- Miyako, o que foi? --- pergunta Mugi. 



--- O herói está uno com o Sistema Divino! --- responde ela em lágrimas. 



--- Sim! --- complementa a Primeira-Sacerdotisa também com lágrimas nos olhos. 



Ming olha para Mugi sem entender. A Madre bate nos ombros das duas e diz: 



--- Mais tarde eu explico, mas tenham em mente que isso é a coisa mais bela do mundo!



Assim a noite delas continua, bem como a noite dos homens. Cada um com suas histórias, lágrimas, tristezas e alegrias. 





FIM

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