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Anime Song Live Stream

Os animes também contribuem para a divulgação de músicas. Ciente disso, o canal King Amusement disponibiliza frequentemente uma playlist para que possamos relaxar ao som das canções de anime, conhecidas como anisongs.

Ritos III- Conteúdo adulto (+18)

 

Ritos III- Em busca da verdade na cidade perdida.

 

Murdok está em trânsito para cumprir sua missão na cidade vizinha, conforme ele avisou a Omyarap. Seus pensamentos são os mais diversos, enquanto ele cavalga em direção a um posto fronteiriço no qual ele pretende trocar de montaria. Como sargento, ele é recebido com todas as honras pertinentes ao cargo por um cabo que está fazendo a guarda do posto. Enquanto preparam sua nova montaria, ele pensa em sua mulher que está novamente grávida após o evento da corrupção dos Treemons, em seu outro filho pequeno que já demonstra aptidão para as artes e em sua cidade como um todo. O pedido de ajuda da guilda de aventureiros, a um posto de segurança de uma cidade vizinha, preocupou por demais o sargento. A situação pode ser desesperadora. E ele foi destacado justamente para avaliar a situação e emitir um relatório que determinará a atuação seguinte ao que for determinado pela avaliação.

 

Uma guilda é para um exército o que seria um grupo de mercenários para as forças armadas, então, ter um pedido de guilda para verificar corrupção de generais do exército da cidade vizinha é extremamente sério. Se a corrupção do Lorde Demônio chegou tão longe, isso coloca a cidade de Murdok em perigo extremo. Saint Goerge pode estar em um perigo iminente e isso pode justificar a quantidade de tentativas de corrupção que eles andam enfrentando recentemente.

 

--- Senhor, sua nova montaria está pronta! --- diz o cabo lendo o pedido por escrito do sargento. --- Como o senhor planeja passar pelo deserto de Astúria, preparamos para o senhor o melhor lagarto-montaria de nosso posto. Ele é jovem, por isso, será útil e vigoroso.

 

Murdok nada diz, apenas pega as rédeas de sua montaria e parte em direção ao deserto. Em seus pensamentos: “Um cavalo comum não aguentaria o calor e o rigor do deserto, mas esse lagarto de sangue frio sim. Ele é de habitat extremamente árido e vai servir. Se bem treinado, esse tipo de réptil é extremamente agressivo e posso usar sua agressividade natural como arma”.

 

Murdok, então, coloca suas coisas no lombo do lagarto e assume o comando do animal, que imediatamente corresponde as ações do sargento e ambos partem em direção ao deserto. O deserto é um local neutro na guerra entre o Lorde Demônio e a coligação de países comandados pelo herói.  É neutro, pois ainda está em disputa e ninguém conseguiu vantagem na guerra pelo domínio do território. Apesar de ser um deserto, ele faz fronteira com muitas regiões, ele possui alguns minérios raros e pode ser usado como base e esconderijo, por isso, cada grão de areia desse lugar é disputado com unhas e dentes. Tanto as raças do Deus absoluto, como as raças do deus invasor disputam cada parte desse lugar. Os homens criaram algumas cidades ao redor desse território, em uma tentativa de parar a investida do Lorde Demônio. Infelizmente, isso fez com que o lorde ficasse de olho em tais cidades. A primeira ação do demônio é corromper o local, depois tentar conquistar a região com forças militares e, por fim, escravizar. Saint Goerge é muito próxima e o que acontece em uma cidade terá efeito na outra. Murdok escolhe passar pelo deserto para evitar chamar a atenção, pois, apesar de estar em disputa, é um deserto, então, difícil de localizar uma única pessoa montada em um animal de sangue frio. Ele pensa que será uma viagem tranquila.

 

Ele não conhece o desespero que se formou na noite anterior e cavalga sem saber do sinistro que havia ocorrido em uma cidade ali próxima do deserto. Não é a cidade na qual ele precisa ir para investigar, mas é uma cidade vítima da tirania do Lorde Demônio.  Na noite anterior, o grande mal vencera naquela cidade.

 

Uma noite antes.

 

É uma noite de lágrimas, fogo e sangue. Uma cidade inteira queima nas chamas do ódio, enquanto seres sombrios riem em fúria e êxtase. Aldeias vizinhas, menores, são saqueadas. Soldados confusos, sem uma liderança, fazem o que podem para proteger os cidadãos que correm em direção à cidade que já caiu. Em uma aldeia pequena, um jovem recolhe a espada de um militar morto e avança em desespero contra os agressores. Vis criaturas antropomórficas, selvagens como animais, fortes como monstros e cruéis como demônios. Eles são o exército do Rei Demônio que saqueia, mata, sequestra e que toma para si tudo que puder.

 

O jovem garoto avança contra um ogro, enquanto pigmen amarram firmemente as pernas de uma senhora, que é sua mãe, que luta inutilmente para livrar seus braços amarrados. Eles se deliciam ao passarem as cordas pelas coxas gordas da senhora, e pelos seus tornozelos. Eles fazem questão de arrastarem as cordas pela pele dela, para deixarem a marca vermelha que é digna da escravidão. Cada nó reduz sua movimentação e a deixa mais vulnerável. Ela grita, tentando impedir o avanço do valente garoto, que tenta defender sua querida mãe. O ogro, entretanto, ri de seu esforço e o corta ao meio com um simples lance de seu facão. Enquanto o menino cai partido em dois pedaços, sua vista fica enegrecida. Para ele, a paz da morte havia chegado. Para ela, que grita insanamente pela loucura, a tormenta parece não ter fim. Os pigmen a amordaçam para que ela pare de chorar, rasgam o que lhe resta de roupa e a entregam para o ogro a carregar como se fosse um pacote. Humanos são, para eles, mercadoria e ferramentas para diversos fins. São escravos e bonecos. Nessa cidade a dor não é apenas humana, mas de outras raças boas, como os elfos.

 

Em uma viela escura, iluminada apenas pelas chamas da destruição, um elfo lindo como uma mulher tenta se esconder. Inútil tentar esconder o cheiro característico dos homens contra o aguçado faro de bestas selvagens. Logo, o pobre rapaz é encontrado por um goblin. O bestial ri, enquanto se aproxima de sua vítima, que ainda não o percebeu. Goblins são seres pequenos, usados pelo exército do Rei Demônio como ladrões pela sua baixa estatura. Eles conseguem se infiltrar em esgotos e lugares pequenos, por isso, são usados para o roubo e sequestro. Entretanto, apesar de sua baixa estatura, um goblin é tão forte quanto um homem adulto. Um único goblin é, sem dúvida, mais forte que um pequeno elfo adulto que se assemelha a uma mulher com poucos músculos e corpo esbelto. (*Nota do autor, não é o Link).

 

Ele ergue sua adaga, mas para por um instante. O elfo tem uma beleza feminina que deixa o goblin interessado e confuso. Goblins não são muito inteligentes e tem dificuldade de aprendizado e o que ele vê não condiz com o que ele aprendeu sobre elfos. O elfo é um adulto, porém, pequeno em estatura e frágil em estrutura física. Parece uma mulher as olhos do goblin. O esverdeado ser, que possui carrancas e parasitas em sua pele, decide capturar sua presa ao invés de matá-lo. O agarra pelo pé e o arrasta. Um pé delicado como de uma donzela. Com rapidez lhe rasga as pernas das calças, para saciar uma certa curiosidade, e presencia pernas frágeis e sem musculatura forte definida. Pernas de beleza feminina. O susto paralisa o rapaz, que tenta chutar o agressor para longe, somente para ter a decepção de ver suas pernas agarradas com facilidade pelas suas coxas finas. O goblin avalia seu material. Sem dúvida, ele é tão bonito quanto uma menina e o interesse dele cresce. O elfo se debate ao ver as cordas. O goblin segura suas pernas bem firme, agora na altura de seus joelhos, o impedindo de lutar. Ele balança seus pequenos pés inutilmente no ar e tenta girar o quadril na tentativa de se libertar.  Ele não é capaz de se soltar do seu sequestrador, apesar de se agitar muito. O goblin começa a ficar impaciente e o estrangula com uma mão livre. Com um braço, imobiliza suas pernas e, com a outra mão, lhe arranca o fôlego, sufocando-o. O elfo de cabelo negro desmaia sem ar. Agora imóvel, o demônio verde o amarra junto a um bastão, fazendo uso do instrumento para poder carregá-lo com mais facilidade. Os dois somem na escuridão da viela. O goblin ri.

 

Ainda dentro da cidade em chamas, em um palácio também em chamas, uma carruagem tenta escapar da horda que combate perto dos muros. Ela é seguida por 12 guerreiros a cavalo. Todas as rotas de fuga estão tomadas pelo grupo invasor, bem como todas as entradas e saídas secretas do castelo, por isso, tentaram uma medida tão desesperada de fuga. Forçar a passagem da carruagem foi uma medida drástica e ineficaz. Logo, todo o grupo se vê cercado por homens-lobo e golens. Em pouco tempo, todos os cavaleiros são mortos por garras e presas e a carruagem é tombada por um golem. Dentro da carruagem virada, uma jovem princesa está desacordada, com ferimentos por todo o corpo. A princesa, com cabelos dourados, está à mercê de seu raptor. O golem, com sua grande estatura, a arranca do que restou de seu transporte. Um pequeno slime escorre pelo braço do golem e envolve a princesa como se fosse uma bolsa, a mumificando-a. Ela geme instintivamente ao sentir algo gelatinoso a envolvendo em um abraço frio. Suas pernas são firmemente atadas juntas. O golem se retira com seu prêmio.

 

O homem não é o lobo do homem nessa realidade. Com pigmen, ogros, goblins e tantos outros seres à espreita, os homens desenvolveram uma cultura de aproximação uns com os outros pela sobrevivência da espécie. Não existe divergência de gênero. Se houvesse um simples atrito, a raça não sobreviveria. A presença de tantos predadores tornou os homens mais unidos. Todos contra o Rei Demônio, o Rei Demônio contra todos. 

 

O Rei Demônio é um ser místico que reencarna a cada 300 anos. Um instrumento de entropia. Um ser tão poderoso quanto um deus, mas mais selvagem que um desastre natural. Conta a lenda da criação do mundo, que um deus inimigo o colocou no mundo para destruir a criação do deus local. Não se sabe se foi por inveja do peão do deu invasor, mas o Rei Demônio tem como função a destruição do reino dos homens. Para tentar um equilíbrio, o Deus Absoluto criou um objeto capaz de destruir o vingativo imperador. O Olho de Esper, que está incrustado na espada do Imperador de todos. Entretanto, o olho apenas despertará seu poder se for invocado pelo herói escolhido.

 

Voltando ao presente, Murdok faz uma pausa para avaliar no mapa a sua localização. Ele aproveita a chance para beber água e dar algum alimento para a sua montaria. “Já se passaram seis horas desde que eu entrei no deserto. Devo ter percorrido uma boa distância. Cerca de 360 quilômetros devido a velocidade do lagarto que estou montando! Estou bem perto, então, é  melhor preparar alguma estratégia ao entrar na cidade e outra caso minha entrada seja negada.”, Murdok faz uma pausa, incomodado com algo e logo exclama:

 

--- Madre-Sacerdotisa, eu gostaria de perguntar se a senhora deseja algo? --- diz o sargento colocando a mão dentro da sacola e tirando um pequeno papel talismã de dentro de sua mochila. O tal talismã, então, brilha e se torna uma versão nendoroid (na altura de uma maçã) da veterana sacerdotisa do templo.

 

--- Murdok, seu instinto é realmente impressionante. Eu planejava ficar quietinha, apenas observando a sua viagem. --- diz a Madre soltando em seguida um “tee-hee”. --- Mas já que fui descoberta, eu quero pedir-lhe algo.

 

--- O que a Madre desejar! --- diz Murdok se curvando à pequena imagem da Madre que está flutuando na sua frente como se fosse uma fadinha de cabeça grande.

 

--- Miyako foi ao meu quarto ontem à noite e me disse que teve um sonho horrível com uma cidade próxima à cidade que você tem como missão investigar. A cidade de Nyoto. --- ela faz uma pausa e a pequena imagem começa a tremer como se estivesse tendo um ataque epilético. Murdok acha aquilo esquisito. Depois de uma tremedeira infernal, e de muitos “Ah ah ah ah ah ah ah ah” ditos pela Madre, a figura se divide em duas e aparece uma nendoroid Miyako junto da nendoroid Madre.

 

--- Miyako, eu falei para nunca mais me hackear! --- grita furiosa a figura da Madre. “O que é hackear?” pergunta para si mesmo o sargento.  

 

--- Desculpa, Madre! --- diz a pequena Miyako. --- Mas eu não posso deixar de explicar uma coisa e dar explicações é minha fraqueza! --- diz ela sorrindo envergonhada.

 

Miyako prossegue:

 

--- Após o sonho, e depois de ter relatado o ocorrido para a Madre, tentei entrar em contato com a cidade em questão. Recebi um relatório, via transmissão de espelho, do vigia noturno alegando que tudo estava normal. Omyarap estava comigo naquele momento... --- Miyako é interrompida pela Madre que pergunta:

--- O que Omyarap estava fazendo com você naquele momento?

 

--- O mesmo que Pertos estava fazendo com você no mesmo horário! --- provoca Miyako. A Madre fica vermelha e responde desconversando da invertida diabólica da sacerdotisa gênio:

 

--- Eles são bons meninos. Gostam de estudar! --- desconversa a Madre encabulada. “Se bem que Omyarap nem estuda magia arcana!”, pensa Miyako em deboche. Então, a figura da Madre recita um encanto e puxa a bochecha da nendoroid Miyako.

 

--- Ai, Ai, Ai! Madre, isso dói! --- diz a Miyako!

 

--- Lógico! Essa magia transfere para a pessoa real qualquer dano não fatal feito em seu boneco-talismã. --- explica a Madre enquanto a figura da Miyako esfrega a bochecha dolorida.

 

--- Bom, chega de galhofas! Prossigam com seu relato, por favor! --- exige Murdok com uma postura assustadora, ainda esperando uma conclusão. As duas se assustam e Miyako começa a se explicar:

 

--- Omyarap, então, se apresentou ao vigia noturno e fez uma série de perguntas. Eu achei que essas perguntas eram sem importância, mas depois que a comunicação foi interrompida, ele me disse para avisá-lo que a cidade tinha sido invadida. Eu não entendi, mas é por isso que eu estou aqui. Era para transmitir esse recado para você. Ele também disse que comunicou ao quartel-general, mas eles estão aguardando uma resposta sua antes de tomarem qualquer decisão.

 

--- O vigia estava sendo monitorado provavelmente, então, deve ter dado um jeito de tentar falar a verdade sem que fosse percebido. O mais comum nesses casos são pequenos sons emitidos em formato de código. Omyarap os ouviu e decifrou. Enquanto conversava com o vigia, os dois estavam trocando mensagens codificadas. --- explica Murdok.  

 

--- Então, meu caro Murdok, a cidade é próxima. É uma ordem da Madre-Sacerdotisa: vá lá e investigue essa cidade também! --- ordena a nobre e linda senhora. --- Se puder, ajude! A prioridade são as almas!

 

--- Missão dada é missão cumprida! Ordem da Igreja tem  a mesma prioridade da ordem do Exército! --- Murdok, em  posição de sentido, responde imediatamente.

 

Murdok ajeita sua montaria, escolhe o melhor caminho para o novo destino que não está longe. As duas nendoroids não desaparecem, mas continuam acompanhando Murdok. Cada uma delas agarrada a um ombro do sargento. “Elas vão grudar em mim até o final da missão, parece!”, pensa triste o grande guerreiro. Ele então ouve um barulho e direciona uma pergunta para a figura da Miyako:

 

--- Está comendo pipoca?

 

--- Ah, desculpa! Vou parar! É que eu não comi nada hoje! --- diz Miyako envergonhada!

 

--- Depois dessa, quando regressar, vai ter que me pagar um lanche! --- brinca Murdok.

 

--- Desculpa! --- responde Miyako!

 

O breve desvio não afeta muito o cronograma e em apenas uma hora, em velocidade máxima do lagarto, que chega a 100 Km/h. Murdok consegue avistar a cidade em questão.  A vista é desagradável. Nada restou. Nem da cidade, nem das vilas ao redor. Tudo feito em cinzas e fogo. Ele desce de sua montaria e entra em modo de rastreio em uma velocidade instintiva. O lagarto se assusta. Murdok o acalma e o mantem preso longe da cidade. Ele comanda sua montaria para atacar qualquer um que chegue perto dele com hostilidade.

 

As duas figuras em seus ombros estão em silêncio, mas ele consegue ouvir a respiração nervosa de ambas. Seu olfato percebe sangue e diversos outros cheiros e odores, sua visão está tão desenvolvida que ele consegue ver os traços de movimentos ao seu redor, como o fogo que dança, folhas que voam e sombras das sombras. Com todas as informações chegando ao seu cérebro com grande velocidade, ele escolhe rapidamente o melhor trajeto para se chegar ao castelo. Sua prioridade, agora, é investigar e o castelo é sua melhor pista. Ele sabe que não existe mais ninguém vivo. E os que sobreviveram, foram levados cativos. Ele sabe disso por experiência militar, porém, isso também lhe chega ao cérebro através de seus sentidos agora ampliados. Ele cheira grilhões, ele sente a dor dos outros pela própria pele, que se arrepia com o tormento que ele agora carrega como se fosse dele.

 

Sua corrida ao castelo é tranquila e rápida. Não existem inimigos. Os mortos estão inertes. Nada parece ter o objetivo de pará-lo e não há armadilhas. “O Lorde Demônio não quer esconder seu feito. Ele o quer divulgar.”, pensa Murdok.   Todo castelo possui um centro de comunicações e Murdok o encontra. Nele, após um determinado e insistente momento de procura, o sargento encontra um cristal que grava mensagens. Ele não excita em ligá-lo e procurar. Uma janela mística se abre e ele encontra duas mensagens lançadas no cristal na noite de ontem. Uma mensagem recebida, que foi a que a Miyako enviou e a outra, um pouco antes, que foi enviada por eles. Na mensagem enviada por eles, assim estava descrito:

“Mensagem urgente à cidade de Muniko. Espião revelado. Generais mortos. Ataque de bestiais iminente. Requeremos apoio! Enviem tropas!” e tendo como resposta da cidade de Muniko: “Cidade de Muniko sem condições de envio de tropas!”. Em seguida o cristal informa: “Nossa cidade está sob os efeitos de forte magia anti-comunicação. Não existe mais possibilidade de pedir auxílio a outras cidades. Cerco iminente. A todas as tropas disponíveis, protejam o povo! Protejam a família real!”

 

--- Os bestiais nem quiseram interferir e destruir esse cristal com arquivos de comunicação. Algo está errado. Ou estão muito confiantes, ou muito arrogantes! --- diz a boneca em forma de Madre-Sacerdotisa.

 

--- Madre-Sacerdotisa, irei caçar esses bestiais, pois eles estão com reféns. A cidade de Muniko, que eu deveria investigar, possui um forte exército. Eles não terem enviado uma única tropa está suspeito. E mais suspeito ainda é que eles não informaram nada disso a cidades vizinhas, que poderiam ter enviado tropas. A acusação da guilda está ficando cada vez mais concreta, mas eu peço autorização para abandonar essa função e caçar os bestiais! --- diz Murdok.

 

--- Autorização permitida! Sargento Murdok, sua atual missão é proteger as famílias e exterminar os bestiais!   --- diz a Madre que continua. --- Miyako, deixo a análise do cristal contigo. Se ele não foi adulterado, já demonstra atividade suspeita da cidade de Muniko. Se o exército deles foi corrompido, precisamos nos apressar para proteger o povo.

 

--- Sim, Madre! --- concorda Miyako!   

 

--- Irei iniciar os preparativos para o rito de ressurreição. Eles nos dirão com certeza o que aconteceu de fato nesse dia. Resgate os reféns, Murdok, ou não retorne! --- comanda a Madre com determinação e fúria. Uma fúria por ter presenciado os horrores de uma cidade destruída. Sua boneca não tira os olhos do corpo carbonizado que seria de uma criança.

 

--- Sim, Madre!

 

As duas bonecas desaparecem, deixando Murdok sozinho. Ainda em modo de rastreio, Murdok percebe a direção correta em que as pessoas escravizadas foram levadas. “Eles partiram por três caminhos diferentes. Dois grupos estão com carroças. Provavelmente os reféns e mantimentos roubados. O outro eu só consigo perceber bestiais. Sem sinais humanos ou de raças amigas. O exército deles se separou em três para evitar, ou dificultar, perseguições.”, reflete o sargento que continua: “Passaram-se horas, mas o manuseio de escravos, controlar uma multidão, colocar grilhões, amarrar e depois colocar tudo isso em movimento, leva tempo. A movimentação é lenta também, pois nem todos andam na mesma velocidade e as carroças estão pesadas, dificultando o seu manuseio. Eu preciso agir rápido!”

 

Imediatamente, Murdok alcança a sua montaria e lhe dá uma bebida que lhe aumenta a velocidade e o vigor. Uma poção que dá ao réptil força extra. A montaria, nesse momento, não pode falhar, mas, mesmo que falhe, Murdok está tão decidido que ele correria até os infernos de gelo por essas pessoas, mesmo que fosse a pé. Com um espelho de comunicação, Murdok orienta o posto avançado mais próximo. O posto, com ajuda de alguns mapas, auxilia Murdok a perceber o melhor caminho até um dos trajetos. Ele, também, pede apoio à cidade vizinha, mais próxima do trajeto mais próximo, da carreata mais próxima. Tudo para agilizar o resgate, um trajeto por vez, todos os trajetos simultaneamente! O rastreio não é apenas orientação instintiva e com aumento da habilidade sensitiva, mas, também, boa percepção espacial e geográfica. Murdok possui todas essas qualidades e ele não quer deixar nenhum raptor escapar.

 

Primeira caravana, em algum lugar do deserto.

 

Enquanto isso, em uma das caravanas repletas de escravos. Eles estão parados em uma ravina do deserto, enquanto os raptores descansam e se divertem torturando seus novos escravos. Um ogro soca um homem, um goblin dança em cima de uma mulher e um pigman olha com maldade para um elfo.

 

--- Dança para gente, seu lixo de elfo! --- diz um pigman rindo de um dos escravos. O elfo que foi capturado pelo goblin. --- Esse goblin é tão estúpido que não sabe diferenciar um homem de uma mulher! Há Há Ah Ah Ah!

 

--- E-eu não sou dançarino. Sou um bardo! Eu canto! --- diz o elfo entoando medo em suas palavras. Ele está com as mãos atadas para trás, bem como com correntes em seus tornozelos.

 

--- Uma coisinha bonitinha como você deveria era dançar. --- o pigman chega perto e força a abertura da boca do elfo, retirando a língua dele para fora, segurando-a com os dedos. O pigman pode ver a cara de medo do elfo, enquanto mantém a boca dele aberta e diz com maldade no olhar. --- Eu vou arrancar a sua língua!  Aí você não vai ter outra escolha a não ser dançar esse seu traseiro lindo!  

 

O elfo, delicado e sensível, apenas chora. Ele nem consegue pronunciar uma palavra sequer com os dedos sujos do porco em sua língua. O pigman começa a puxar ainda com mais força a língua do elfo para fora, até que o elfo, com dor, começa a gemer e seus olhos começam a lacrimejar. O pigman ri, pois se diverte com a dor. Ele procura por algo e depois fala para um dos seus aliados.

 

--- Ôh, babaca! Fala para o otário do nosso líder que eu vou dar uma comida ali e já volto! --- diz o pigman.

 

--- Vai se lascar, seu merda! Não sou seu mensageiro. --- diz outro pigman para ele.

 

--- Seu merda! Assim que eu terminar com esse elfo, eu vou te arrebentar e amputar cada perna tua! --- grita ele enquanto carrega o elfo como se fosse um saco de batatas. O pigman é uma criatura sem modos, com a estatura mediana de um homem, gordo e aspecto de suíno. Contam que eles são canibais e não possuem respeito nenhum, exceto pela violência e força. Anões e pigmen são inimigos em comum. Os modos de um anão são até gestos educados perto da gentileza de um pigman.

 

--- Vai tomar no cú, seu bosta! --- responde o outro pigman.

 

O elfo ainda tenta se soltar, mas em vão. Ele começa a pensar: “Eu nunca fui capaz de fazer nada. Nunca tive força física. A única coisa em que eu era bom era em fazer poesia e cantar. Decidi me tornar um bardo e tornar esse mundo melhor com a música. É assim que eu vou morrer? E não tenho ninguém que se lembre de mim. Ninguém que peça minha ressureição. Ah, que jeito de terminar minha existência. Raptado e comido por um porco gordo e sujo!”. A indignação faz com que lágrimas percorram o rosto do elfo.  O pigman se afasta da caravana o levando consigo. Ele resmunga algumas coisas que o elfo não consegue compreender, mas sabe que nada de bom sairia daquela boca imunda. O pigman o joga com brutalidade no chão, quando encontra uma rocha na qual ele possa esconder a sua ação do resto do grupo. Ele não deseja repartir a sua presa com ninguém. Os pigmen entram em frenesi se acham algo que os excite, então, evitar que os outros pigmen vejam o que ele planeja fazer é garantia de que só ele se delicie com sua presa. O elfo o encara nos olhos, mas logo o temor se apodera dele, pois os olhos do pigman são de selvageria. Ele consegue interpretar aquele olhar e sabe que seu fim se aproxima e será doloroso.

 

--- Vou começar pela sua bundinha. Quando terminar contigo, vou te jogar no fogo e assar tua carne também. Eu vou te comer em todos os sentidos da palavra. Até sua alma eu vou devorar! --- diz o pigman salivando. Os olhos do animal já demonstram que ele está entrando em frenesi.

 

O elfo já admite sua morte. Indefeso no chão, ele fecha os olhos já esperando pelo pior. Mas sua audição apurada capta um sussurro salvador: “Não tema!”. “Quem?”, pergunta para si mesmo o elfo. Ao procurar pela origem da voz, ele vê um guerreiro mais alto e forte que o pigman, atrás do bestial que não o percebe. Ele esmaga o focinho do porco com uma das mãos, enquanto arranca-lhe o fôlego de vida com uma adaga, cortando a sua garganta. Para garantir a morte do agressor, o guerreiro quebra-lhe o pescoço também. O suíno morre com sua cabeça cortada, seu focinho esmagado e seus olhos fitando os olhos do soldado que o exterminou. O soldado o encara com fúria nos olhos, enquanto sua vida se esvai. Parte dessa sequência se deve ao ódio de ter presenciado essa cena repugnante contra um elfo indefeso. Como eles estavam fora do alcance da visão dos demais predadores, a morte desse pigman passa desapercebida pelo grupo de sequestradores.

 

O guerreiro se aproxima do elfo e o desamarra. O elfo se coloca a chorar nos braços do guerreiro. Um homem ruivo, com características europeias, com olhos verdes e rosto gentil. O guerreiro faz um gesto para que eles fiquem em silêncio. Ele segura gentilmente o tornozelo do elfo e quebra-lhe o grilhão que o aprisionava. O elfo fica maravilhado e seus olhos mostram o encanto que seu espírito sente nesse momento.

 

--- Obrigado! --- diz o elfo. Reparando no tom de voz do elfo, o guerreiro se aproxima e pergunta:

 

--- Sei que não é o momento, mas você é um elfo adulto? --- pergunta o soldado.

 

--- Sim, apesar da minha altura, eu sou adulto e tenho 85 anos, o que, para um elfo, é maioridade. --- o elfo abraça o soldado. --- Eu só quero um amigo. (Nota do autor: esse personagem, por enquanto, é um dos meus favoritos.).

 

--- Prazer! Meu nome é Bulls! Sou da cidade de Saint George e estou aqui com um grupo de soldados para resgatar os cidadãos que foram aprisionados. --- cochicha Bulls enquanto espera que seus aliados fiquem em posição. --- Fica escondido aqui. Isso logo terminará!

 

Voltando alguns momentos atrás, enquanto Murdok conversava com o posto mais próximo, Bulls e alguns outros soldados estavam passando ali perto e foram convocados, pelos soldados do posto de segurança, para participarem da operação de resgate. Como Bulls e esses soldados estavam mais próximos de uma das caravanas do que o Murdok, foi, então, ordenado a eles que partissem imediatamente para recuperar os habitantes. Miyako e outras três sacerdotisas também foram convocadas para participarem e estavam usando os talismãs de papel para poderem usar suas magias, sem a necessidade de estarem fisicamente presentes. Da Igreja, as quatro estavam dando suporte aos grupos de ataque. A Madre, com apoio de Pertos, estava organizando, na nave principal da igreja, o rito de ressurreição. Já Murdock, após organizar os elementos principais do resgate, e comandar as estratégias, se juntaria a um outro grupo para atacar a outra caravana. Assim, eles começariam o resgate mais rápido. Tudo isso organizado em pouco tempo. Eles alcançaram essa caravana em menos de três horas. Murdok, por outro lado, já estava alcançando a outra caravana, ainda mais rápido.

 

Enquanto eu explicava isso, foi o tempo suficiente para que os soldados se colocassem em suas devidas posições. O comandante da operação é o sargento Perseu. Homem de estatura mediana, com uma bela cicatriz que divide seu rosto diagonalmente. Ele é mais musculoso até que o próprio Murdok, sendo que se assemelha a um britânico. Com um único gesto dele a operação começa com um cântico que encobre todo o território da caravana. O cântico entorpece a todos, como se estivessem embriagados. Com dificuldade até para se manterem acordados, cada bestial começa a cair. Com novo gesto do sargento Perseu, todos os soldados se movimentam para os alvos mais próximos e as execuções começam. Sem nenhuma dificuldade aparente, os bestiais são exterminados sem colocarem em risco a vida de nenhum dos sequestrados, pois o torpor impediu que houvesse reação. Após minuciosa checagem, alguns soldados relatam de suas posições:

 

--- Livre, sargento!

 

--- Livre aqui também, sargento!

 

--- Todos os pontos seguros. Nenhum bestial resistiu ao cântico de embriaguez e foram prontamente exterminados!    

 

--- Muito bem! Liberem o povo do encanto de torpor! --- ordena o sargento com ares britânicos para as sacerdotisas do templo, que imediatamente começam a cantar e dançar para quebrar o feitiço lançado por elas mesmas. O encanto foi usado em área, por isso, até os cidadãos aprisionados foram atingidos. Antes pecar pelo excesso, do que pela falta e ter um caso de refém usado como escudo.

 

Aos poucos o povo vai acordando e percebendo que sua realidade havia sido alterada. De um pesadelo a um sonho promissor. Da escravidão para a liberdade. Eles começam a perceber que estão em segurança, enquanto os soldados começam a quebrar os grilhões e oferecer alimento e roupas novas. O sargento, após um breve relato ao Murdok, se volta para os cidadãos que estão em alegria e diz:

 

--- Atenção, povo! Começaremos em instantes a marcha para a nossa cidade. Lá serão recebidos com cuidados e mais mantimentos. Não tenham pressa para se locomoverem. Estão seguros agora e nossa cidade os está amparando nesse momento!

 

As palavras do sargento são recebidas com alegria. Uma senhora se dirige a ele e pergunta:

 

--- Meu único filho! Eu preciso escrever o nome dele no livro para o ressuscitar. Por favor, eu preciso escrever o nome dele. --- diz a senhora lembrando de seu filho rasgado ao meio por um ogro. Suas mãos, em súplica, tremem. O sargento se direciona para ela e ampara suas mãos com carinho.

--- Sim, escreveremos o nome de seu filho no livro da ressurreição. --- a senhora sorri.

 

O rito de ressurreição realizado de forma mais comum trata de familiares que escrevem o nome do falecido em um livro especial no templo. Esse livro é lido após cânticos e orações e anjos trazem as almas para o saguão do templo. Dessa forma, quem está com o nome escrito no livro é ressuscitado de imediato, pagando-se uma prenda ou sacrifício. Quem não tiver parentes, ou se todos os familiares estiverem mortos, esse tipo de ritual não funciona. Esse era o medo do elfo. Ele não conhecia ninguém e não tinha amigos ou familiares. Sua morte seria esquecida e ele não poderia ressuscitar usando esse ritual. Existem outros métodos ritualísticos de ressurreição, mas que não convém nesse momento serem descritos.

 

O elfo chega perto do acampamento ao perceber que tudo está em ordem. Bulls o percebe e vai conversar com ele.

 

--- Oi! Esqueci de perguntar o seu nome! --- diz Bulls ao elfo.

 

--- Erusu! --- diz o elfo sorrindo com simpatia. Um sorriso muito belo também.  Bulls se impressiona com a beleza.

 

--- Um elfo com cabelo negro é especial. Ficou bem bonito! --- elogia o soldado.

 

--- O cabelo? É da minha origem mestiça. Eu não sou um elfo puro, por isso, não nasci loiro e nasci bem pequeno. --- diz o elfo sorrindo.

 

--- Sim, o cabelo negro te deu um ar mais jovial e te fez parecer mais belo!  Muito bom! Muito bom! --- cumprimenta Bulls. Ming chega por trás dele e dá ao soldado um bom cascudo por estar sendo indelicado. Ming tem um aspecto chinês, sendo uma garota bela com pernas bem preparadas para a luta e músculos equilibrados que fazem com que as pessoas que a olham a vejam como uma lutadora forte, mas, mesmo assim, bela, ou seja, ela não tem o corpo exagerado com músculos muito proeminentes.

 

--- Chega, Bulls! Precisamos de um batedor que vá na frente e o sargento te escolheu! Vai! --- diz Ming.

 

Bull nem reclama. “Missão dada é missão cumprida!” pensa ele enquanto se afasta. Bulls dá um ligeiro aceno para Erusu e, de longe, diz:

 

--- Você disse que não tem amigos! Pode me considerar seu amigo! --- diz ele. Erusu acena de volta e, com a chance de ter um amigo se concretizando, ele dá outro sorriso de grande beleza! Até Ming se impressiona com o sorriso e deixa escapar um assovio.

 

Novamente no deserto, perto da outra caravana. Meia hora à frente do que aconteceu na caravana anterior.

 

--- Senhor, perdemos a comunicação com a outra caravana. --- informa um cavaleiro negro.

 

--- Perdemos muito tempo organizando esses escrotos em caravanas. Se não fosse pelo dinheiro da escravidão deles, e pelo prazer da tortura, eu os teria matado na hora. A todos. --- diz um grande ogro que está comandando essa caravana de escravos.

 

O ogro, então, grita:

 

--- Atenção, infelizes! A caravana dos suínos foi atacada. Preparem-se para o combate. Quero batedores ao redor da nossa caravana imediatamente. Ninguém fica parado!

 

O ogro se dirige até uma carroça. Nela, ele vê a princesa envolta em um caixão de slime. Ela está inconsciente. O ogro ordena ao slime:

 

--- Se alguém se aproximar, afogue-a e faça a digestão dela imediatamente.

 

O ogro se afasta, mas para em seguida. “O que é essa sensação?”, pensa ele enquanto sente uma forte pressão espiritual. Antes que ele pudesse falar algo mais, ele vê 100 lâminas cortando 100 de seus soldados. A precisão do ataque fora perfeito. Em segundos, 100 soldados das trevas haviam perdido a vida. Antes que ele pudesse sacar sua espada, ele ouve: “Cem Lâminas”. E, novamente, cem de seus soldados são mortos de maneira precisa. Dentro e fora de carroças. Perto ou longe da caravana. Não importa local ou esconderijo. Não importa se estavam com escudos, ou armaduras completas. Se eram soldados, ogros ou lobos. Todos os 200 soldados estão mortos. Em questão de segundos, o exército do ogro vira pó.

 

O ogro corre para a carroça da princesa prisioneira e vê o cristal do slime partido em dois e ele se desfazendo. A princesa começa a tossir, cuspindo o gel do slime que estava em seus pulmões e a impedia de acordar. O ogro tenta abrir a porta. “Devo pegá-la como refém!”, pensa o grande ser. Entretanto, ele é parado por um grande medo. Ele sabe que se fizer isso, ele morrerá. Nas suas costas um soldado caminha. Murdok aparece de forma calma, mas com grande sangue nos olhos. O ogro se vira para ele e diz:

 

--- Impossível um único soldado, nessa merda de deserto, ter tanto poder e precisão!

 

--- Eu fui guerreiro da frente de guerra da tropa do próprio herói. Eu combati as hordas principais do próprio Lorde Demônio. Eu sou capaz e, para seu azar, estou nessa merda de deserto para te matar! --- diz Murdok.

 

O ogro não pode recuar e sabe que se atacar irá morrer. Mesmo assim, ele tira sua espada da bainha e avança com grade ferocidade. Murdok apenas sussurra um cântico e, de sua boca, sai uma neblina rápida, que envolve o grande líder das trevas.  O ogro, então, é imediatamente engolido vivo por um monstro dentro de uma neblina. O cântico de invocação de Murdok faz aparecer um ser sem figura definida e que se move envolto nessa névoa. O ogro, então, é mastigado vivo. Após consumir o ogro, o monstro se acalma. Murdok para o cântico e a neblina retorna para o fôlego dele, entrando pela boca. O monstro desaparece junto com a névoa.

 

--- Murdok, eu não gosto quando você usa essa magia negra de invocação de demônios! --- diz uma voz que ele conhece bem. A Madre havia retornado através de sua nendoroid para o acompanhar.

 

--- Perdão, Madre! Eu fui sádico para com esse inimigo! --- diz o Murdok em confissão.

 

--- Está perdoado! --- informa a Madre usando sua figura para tocar na cabeça de Murdok. --- Mas vai ter que passar pelo ritual de purificação.

 

--- Sim, senhora!

 

--- Você nem precisou da ajuda dos soldados que estão a caminho! Impressionante! --- diz ela olhando ao redor. As pessoas que assistiram a isso estão boquiabertas. Se não fosse pela presença mística de uma Madre-Sacerdote, a simples figura do demônio na névoa teria deixado todos os prisioneiros em pânico. Ela os acalmou para evitar acidentes e tragédias.  

 

--- Não poderia esperar mais. O ogro líder tinha dado sinal de que eles tinham descoberto o ataque à outra caravana. Eu não poderia ficar parado esperando apoio. --- explica o sargento.

--- Entendo! --- conclui a Madre.

 

Ele espera que os outros soldados cheguem e conduz os prisioneiros para eles. Os demais soldados chegam sem demora.

 

--- Atenção, cidadãos! Vocês serão levados para a nossa cidade e lá receberão mais auxílio e ajuda. Por favor, acompanhem esses soldados que os protegerão até lá. --- Orienta Murdok.

 

Ele monta novamente seu réptil e parte em direção a cidade que ele deveria ter investigado desde o início. Durante a viagem, ele pergunta para a Madre em seu ombro:

 

--- E o exército remanescente?

 

--- A cidade vizinha os emboscou e eles estão agora em luta. Não poderão atrapalhar o trajeto dos refugiados até nossa cidade e, provavelmente, até você chegar ao seu destino, o conflito terá acabado. Exatamente como você planejou. --- explica a Madre.

 Murdok sorri e continua sua cavalgada. Quando a cidade desponta no horizonte, ele para e desce de sua montaria. A Madre então confirma:

 

--- Timing perfeito! O exército das trevas fora derrotado e exatamente quando você realmente chegou na cidade. Planejamento perfeito. --- a figura da Madre sorri.  

 

Infelizmente, o sorriso não dura muito e a tensão fica absurda no ar. Murdok e a figura da Madre, então, percebem a origem de tanta pressão espiritual. Perto dos portões da cidade está uma única pessoa parada em pé. E essa pessoa, com um cântico diabólico, invoca um abismo que engole a cidade inteira, vilas nos arredores e quase, também, o Murdok. O sargento precisou de muita habilidade e velocidade para escapar de ser engolido pelo abismo que se formou. Com um simples gesto, a figura que agora sobrevoa o abismo, ordena que ele se feche. O abismo engole a cidade inteira, como se fosse uma grande boca demoníaca, e se fecha. Murdok e a Madre sentem a dor da morte das pessoas esmagadas. O ser que levita nem sorri. Ele apenas fica parado contemplando. Aborrecido.

 

Em seguida, ele usa novo cântico e o abismo se forma novamente e cospe cadáveres. Esses cadáveres se tornam o novo exército do agressor. Murdok apenas pensa: “Eu nunca o vi pessoalmente, mas já senti essa presença antes. Eu não tenho dúvidas. É o próprio Lorde Demônio!”. Pela primeira vez, Murdok sente medo. A Madre está em completo silêncio. O ser então se volta para eles e diz com um tom de deboche:

 

--- Eu? O Lorde Demônio? --- grita o ser. --- Não me façam rir. Se essa comparação chegar aos ouvidos do verdadeiro Lorde Demônio, eu serei executado por tê-lo humilhado com minha fraqueza!

 

Murdok não responde. Ele retira sua espada da bainha e se coloca em pé para a luta. O demônio aponta o dedo para a figura da Madre e lança um espinho. Murdok não consegue desviar e esse espinho destrói a nendoroid. Murdok sente que a Madre estava a gritar de dor do lado de lá. Ele sente que a Madre se feriu gravemente com esse ataque e pensa: “Como ele conseguiu ferir a Madre, se nenhum cântico consegue transmitir tanta dor assim ao seu operador?”. O demônio, então, desaparece e Murdok fica paralisado e em silêncio. Ele fica com medo do que pode ter acontecido com a Madre.

 

No mesmo instante, na Igreja, a Madre é atingida por uma faca na mesma região em que sua boneca é atingida por um espinho. Ela grita de dor, enquanto cai no chão da igreja. Pertos e Miyako correm para acudi-la, sem acreditar que exista uma magia que vá além da que a própria Madre havia usado para puxar as bochechas da Miyako. Esse cântico diabólico é mais poderoso do que o cântico usado pela Madre.

 

 

Murdok corre de volta para a sua cidade. Agora, a guerra é no seu quintal!

 

 

FIM

 

 

 

 

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