Pular para o conteúdo principal

Heróis que dançam!

Heróis dignos;   Lutam por seus ideais;   Dançam em festa;   Cerejeiras florescem;   Vencem pela nobreza. Uma curiosidade dos filmes indianos é que eles reproduzem sempre festividades, então, possuem cantos e danças. Aqui uma dança do filme RRR! 

Paulo Fukue- O Engenheiro de Papel

 A tradição não é estática. Ela tem uma alteração lenta. Proteger a tradição é honrar os que vieram antes. Esse é um dos princípios de quem conserva. Por exemplo, antes de criar o Jeet Kune Do, Bruce Lee precisou aprender a tradição do box chinês, Wing Chun. Ele observou seus movimentos, treinou sua base, observou sua realidade e desenvolveu sua técnica para preencher algo que ele considerava falho. Ele conservou e debateu sobre mudanças pontuais, até chegar ao seu estilo próprio. Ele não poderia realizar tal feito se não existisse uma tradição de golpes e lutas anteriores. Se ele não tivesse um Yip Man que o ensinasse. Uma tradição que é mantida é sempre essencial para evoluções futuras e um mestre de hoje sempre aprende com um mestre do passado. Assim a tradição se movimenta. É assim também nas ciências, nas artes e no mundo inteiro. Uma sociedade que respeita seus mestres (professores de grande saber) pode evoluir mais rapidamente. Nesse sentido, toda a forma de divulgação de mestres, sendo seus textos, desenhos, ou biografias, é de grande importância para a sociedade. É dessa forma que uma sociedade pode evoluir: respeitando seus mestres e aprendendo com eles!




Paulo Fukue- O Engenheiro de Papel


Paulo Fukue é um desses mestres! Sua estreia como autor foi com a obra Tarun, lançada em 1967, mas não podemos esquecer um de seus primeiros trabalhos, que foi o emblemático Júnior (e sua turma), em 1963, para a editora Pan Juvenil. Aqui uma curiosidade, a Pan Juvenil, nesse período, teria uma evolução e se tornaria a Edrel, na qual Fukue lançaria e ajudaria em várias obras (Super Heros, Pabeyma, Tarun, entre outras) e também se tornaria um editor. A Edrel, com nomes como Seto, Minami Keizi, Paulo Fukue, Fernando Ikoma e Wilson Hisamoto, foi tão importante que muitos estudiosos afirmam que, no cerne do “boom criativo” da editora, é que reside a gênese do mangá brasileiro e eu concordo com eles. Fukue também trabalhou para a editora Abril, onde ganhou a alcunha que dá o subtítulo de sua obra biográfica escrita por Alexandre Nagado para a editora Criativo: O “Engenheiro de Papel”. Fukue trabalhou na revista “Destaque e Brinque” (Abril) na qual as crianças podiam destacar partes da revista e montar (sem tesoura ou cola) brinquedos de papel. Fukue era um dos responsáveis pelo projeto, daí seu honrado reconhecimento. Muito talentoso, Fukue ganhou o Prêmio Angelo Agostini (1995) e, também, em 2008 ganhou o Troféu HQ Mix de "grande mestre". 


Um mestre como esse não poderia deixar de ter uma biografia escrita, contando como começou seu desenho, sua carreira e seus projetos. E ninguém melhor para escrever sua biografia do que o talentoso e observador Alexandre Nagado, que fez um trabalho minucioso sobre a vida e a obra do mestre Fukue. Nagado conta com grandes detalhes toda a trajetória, não somente do Paulo, mas de toda a família Fukue. Somos levados para dentro da própria história das editoras, suas obras e, também, suas formas de edição e pequenas curiosidades sobre o trabalho do desenho em si e das gráficas. É um trabalho grandioso. Nada escapa das letras de Nagado, que nos informa, inclusive, sobre aspectos angustiantes pelos quais Fukue, e tantos outros, passaram durante o regime militar, entretanto, a obra é mais do que isso, é vida e criatividade de um gênio que transformou o mercado com suas mãos. E um gênio, quando encontra outro, ilumina toda a sociedade com uma simples conversa. 


Osamu Tezuka e Paulo Fukue


 Um dos momentos contados na biografia escrita por Nagado foi um encontro do mestre Osamu Tezuka, considerado o deus do mangá moderno, devido às suas incríveis contribuições para a arte, e Paulo Fukue. O deus do mangá visitou o Brasil e conversou com Paulo e uma simples pergunta (sobre o porquê de não existir um “estilo brasileiro” de quadrinhos) recebeu do mestre Fukue uma resposta profunda que transcrevo: “Como a atividade do profissional de HQ brasileiro é muito instável, o artista precisa ser versátil e estar apto a encarar o desafio de produzir de tudo e em todo gênero, ser eclético e sobreviver, por amor à arte dos quadrinhos! O mercado brasileiro de HQ chega a ser surreal em relação aos demais países do mundo. Talvez aí esteja a resposta à pergunta: O estilo brasileiro é este”! Uma realidade que, creio, pouco mudou nos dias atuais. E eu posso definir Paulo Fukue assim também: versátil, mestre de muitos gêneros, eclético e apaixonado por quadrinhos! 



Paulo Fukue - O Engenheiro de Papel


Autor: Alexandre Nagado

Edição, seleção de imagens e supervisão: Marcio Baraldi


Formato: 21 x 28 cm, com 124 páginas


Lançamento: Editora Criativo/ Editora GRRR!

Gostou e deseja ler? Compre aqui: 

Criativo Store

Comix

Postagens mais visitadas deste blog

Ghost in the Shell

Máquinas vivas; Um fantasma surge; O homem virtual. Ghost in the Shell está mais próximo do que pensamos! 

Boushoku no Berserk

Berserk of Gluttony: Uma Série Que É Meu "Pecado"! Boushoku no Berserk (Berserk of Gluttony) - Pictures - MyAnimeList.net Fate é um jovem que acreditava ter uma habilidade inútil chamada "Gula", que o mantinha constantemente faminto. Ele era um vassalo em uma casa de cavaleiros sagrados, onde era tratado com desdém, nutrindo uma paixão secreta pela cavaleira Roxy Hart. Ela destaca-se como a única guerreira nobre em um mundo dominado por cavaleiros que abusam de seu poder para oprimir o povo. Quando Fate acidentalmente mata um ladrão enquanto ajuda Roxy, ele descobre que sua habilidade de "Gula" vai além do que parecia. Esse evento o faz perceber os aspectos positivos e negativos de seu "pecado". Comprometido a proteger Roxy, ele decide usar seu poder em prol da casa daquela que sempre o tratou com humanidade e respeito. Baseada em uma novel escrita por Ichika Isshiki , com arte de fame , "Berserk of Gluttony" é serializada desde 2017,

Ciclos de revolução: A Quarta Revolução!

Ciclos de Revolução: A Quarta Revolução Revisão: ChatGPT Estamos vivenciando a quarta revolução industrial/tecnológica, e muito tem sido discutido sobre os potenciais danos que esta revolução pode causar ao tecido social, incluindo desemprego e outras adversidades. Procuro refletir sobre o futuro com base no passado, observando no presente os mesmos receios que nossos antepassados enfrentaram nas três revoluções industriais anteriores. Começo com uma conversa que tive com uma taxista, para então discorrer sobre algumas das revoluções passadas. Durante uma parada em uma lanchonete que estava instalando terminais de autoatendimento no último ano, tive uma conversa: “Taxista: --- Estão instalando essas máquinas para substituir trabalho humano. Muitos caixas estão perdendo seus empregos. Isso é o capitalismo! Eu: --- Por outro lado, a tecnologia, ao eliminar um posto de trabalho (caixa de atendimento), cria outras necessidades. A lanchonete precisará de profissionais para manutenção de sof