CULTURA JAPONESA E A INFLUÊNCIA EM ANIMÊS
Quando soube que o governo japonês utilizaria animês e mangás para investir em um “poder suave”, que divulgaria o país, eu achei a proposta interessante.
“Apenas recentemente o governo japonês acordou para esse potencial, patrocinando eventos internacionais de animês e mangás - cujas séries são exportadas para dezenas de países - e nomeando embaixadores que rodam o mundo promovendo fenômenos antes encarados como subcultura.” (Cláudia Sarmento- o Globo)
Em meu estudo de 2005, eu já havia concluído que o mangá é uma mistura de crenças e valores que o identifica como um fator de identidade cultural, um sujeito pós-moderno. Mas alertava que esse sujeito pós-moderno possui muitos “eus” empurrando em direções diferentes. Então, comecei a estudar o enredo de mangás e animês (que possui um espaço neste blog) para verificar se, de fato, animês possuem esse poder de divulgação da cultura japonesa. É necessário, então, verificar o que os japoneses expressam como seu “eu”, ou seja, sua cultura, em animês. Já identifiquei que os desenhos possuem enredos com traços da religiosidade dominante, ou seja, eles difundem a religião japonesa.
Agora, identifico que os animês possuem traços da cultura japonesa. Jô Takahashi, da Fundação Japão, já havia dito que uma das essências da arte japonesa é a sugestão. Ele complementa: “você sugere, não diz.” Logo, a arte transmite sem a necessidade de dizer. Tomemos como cultura japonesa, além da religião, que aqui já foi revelada, os seguintes elementos encontrados no site do Consulado Geral do Japão e tentemos buscá-los em animês.
1.0- Bunraku- teatro de bonecos. Teve seu auge no período Edo.
2.0– Teatro Kabuki. É um dos gêneros mais representativos do teatro japonês. Foi criado por uma atendente do santuário xintoísta de Izumo. Significa: Ka (cantar), Bu (dançar), Ki (representar). Composto de música e dança, o Kabuki é reconhecido pela interpretação exagerada e a maquiagem que substitui as máscaras usadas no teatro No. Como Jo Takahashi disse, “a arte é uma sugestão”, é difícil achar um vídeo específico que mostre o Kabuki em anime, mas é fácil achar sugestões do teatro em animês, pois vemos referências a ele em personagens como Jiraiya de Naruto.
3.0- Castelo de Himeji. Localizado na província de Hyogo é o representante fiel da arquitetura japonesa e representa o estilo arquitetônico clássico do século 17.
4.0- Cerimônia do Chá. Não está representado no site do Consulado Geral do Japão, mas é identidade cultural japonesa. Cliquem aqui para ler sobre a cerimônia. Como no exemplo sobre o kabuki, é difícil achar um vídeo sobre um animê que fale do chanoyu, mas referências a isto são feitas em inúmeras séries: como quando Kenshin convida Aoshi (Samurai X) para conversarem e Aoshi diz que prefere beber um chá com o Himura. Em outro capítulo, Kenhsin prepara o chá para o Aoshi.
5.0- Origami. Arquitetura de papéis. Para conhecer mais sobre origami, cliquem aqui- Unesp
6.0- Ukiyo-e são xilogravuras e, segundo meu entendimento, contribuíram para a construção estética e narrativa dos mangás. Novamente, uma sugestão de imagens de um ukiyo-e na abertura de Saber Marionettes J.
7.0- Shogi. O xadrez japonês. Cliquem aqui para conhecer!
Não pretendo esgotar toda a influência da cultura japonesa em animês, mesmo porque seria um trabalho árduo e que necessitaria de mais tempo, mas fica claro, por este simples resumo, que os animês, possuindo estas características da cultura japonesa, são capazes de divulga-las ao mundo e, realmente, servem ao propósito noticiado na matéria do “O Globo”.