Um poema tanka para ajudar o Sul. Chuva implacável, Sul em lágrimas se afoga, Mãos estendidas, Unidos, somos mais fortes, Reconstruir é nossa voz. ACNUR, Agência da ONU para Refugiados
Já passou um ano desde que o vidro que separava a baia das serpentes, da minha baia, se quebrou. Na ocasião, eu lembro que falava com o cientista de que a parede de vidro estava para quebrar, mas ele olhava a situação e nada respondia. No dia que a parede se quebrou, eu achei que seria devorado pelas serpentes que avançavam contra mim. Foi a mão salvadora, do cientista silencioso, que me tirou do aperto e me deixou livre. Embora eu estivesse grato, não conseguia entender porque o cientista não arrumara aquela parede antes do inevitável. Ainda penso nisso como se fosse uma espécie de trajeto que eu teria, e tive, que vivenciar. Não sei a resposta. É impossível, para um ratinho que sou, raciocinar como o cientista. Eu só sei que não fui consumido e fico grato por isso. Sobre as cobras, por um ano, eu olhei para a minha baia com sentimento de tristeza. Achei que elas ainda estavam lá, no lugar que eu já chamei de lar. Minha rodinha, meu pratinho, minha comidinha...