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Heróis que dançam!

Heróis dignos;   Lutam por seus ideais;   Dançam em festa;   Cerejeiras florescem;   Vencem pela nobreza. Uma curiosidade dos filmes indianos é que eles reproduzem sempre festividades, então, possuem cantos e danças. Aqui uma dança do filme RRR! 

Goblin Slayer- A melhor série da temporada!


Goblin Slayer

(Não aconselhável para menores)
(SPOILERS SPOILERS)

A melhor série da temporada de inverno de 2018
https://www.crunchyroll.com/goblin-slayer/videos





Sinopse CR: “Sobre a Série
Simulcast on Sábados 2:30pm -02

Uma jovem sacerdotisa forma seu primeiro bando de aventureiros, mas eles imediatamente se metem em apuros. É então que o Goblin Slayer vem a seu resgate - um homem que dedica sua vida a exterminar todos os goblins, custe o que custar. E quando seus feitos começam a se espalhar, ninguém sabe o que pode acontecer depois...”

Vamos direto ao ponto. Os contos de terror e fantasia, bem como os contos de fadas, sempre tiveram a função de educação. Ensinar para crianças e jovens os melhores caminhos para sua vida adulta. Para os garotos se tornarem homens honrados, que respeitem os mais fracos, assim como para as mulheres se tornarem sábias protetoras da vida, pois é em seu ventre que se protege a vida humana desde seu início. Goblin Slayer é um excelente conto para jovens!





Ana Maria da Silva[1]: “O texto ficcional amplia e mobiliza os limites do imaginário pessoal e coletivo. Enquanto alguém lê ou conta histórias, nós nos reportamos ao ambiente em que acontece o fato narrado e participamos do enredo.

Dentre os inúmeros textos pertencentes ao domínio estético/artístico temos o conto. ‘O conto é um relato em prosa de fatos fictícios’ (KAUFMAN & RODRÍGUEZ, 2005, p. 21). Este relato quando lido ou ouvido tem o poder de despertar no leitor uma gama de sentimentos indescritíveis, porque consta de três momentos perfeitamente diferenciados: O conto começa apresentando um estado de equilíbrio, dá lugar a uma série de episódios que se convertem em conflitos e culmina com a resolução destes conflitos no estágio final”.

Eduardo Stark[2] complementa: “Uma mitologia não é apenas um conjunto de histórias que envolvem deuses e heróis. Ela é na verdade um instrumento de poder em uma sociedade organizada”.
Então, um bom conto é uma forma de bem educar e Goblin Slayer é um ótimo representante dos contos de fantasia e explano abaixo os motivos.


O Herói, o Medo e a Superação


Um herói cujo passado foi tomado pelo medo e o assombro de ver sua amada irmã torturada e morta por monstros. Enquanto permanecia imóvel, ele presenciou toda a violência cometida contra ela. Berrini[3]: “Um trauma psicológico se refere às sequelas emocionais deixadas por uma experiência que causou muita dor e sofrimento. Esta experiência é tão forte que chega a afetar o comportamento, o pensamento, os sentimentos e as emoções da vítima (...) Nas formas mais sérias, o período pós- traumático pode, ainda, deixar o paciente em hipervigilância, que é quando ele sente como se algo estivesse sempre espreitando para atacá-lo ou para acontecer, desinteresse pelo próprio futuro, depressão, ansiedade e dificuldade de concentração e de aprendizagem.

Goblin Slayer é um herói, mas também é uma vítima de um trauma que o retirou sonhos, futuro e lhe deixou cativo de um sentimento de vingança. Seu intelecto foi plenamente sequestrado pelas criaturas, ele está sempre vigilante, contido, recluso, preso ao seu passado de uma maneira mais sombria que os heróis como o Batman, pois ele não vive, ele sobrevive. A animação demonstra bem esse sequestro de intelecto ao mostrar, por exemplo, que a visão que ele tinha na infância é idêntica à visão que ele tem com o capacete que ele quase nunca tira. Notem que as frestas do piso e do capacete são do mesmo formato. Ele, ainda hoje, continua sendo aquele garoto escondido debaixo do piso.





E, por isso mesmo, ele é aquele herói capaz de entrar na escuridão mais sombria do inferno para ir te resgatar. Ele é o herói acostumado ao medo. Como ele mesmo disse, chegou um momento que ele precisou andar, seguir em frente, mesmo que parecesse que o chão iria se abrir aos seus pés.

Esse é um exemplo de superação de trauma que a série mostra em desenvolvimento gradual. Ele tornou o medo dele em força para seguir, e tornou-se um monstro para os monstros que ele persegue, dando o exemplo de que toda a dor passa e tudo pode ser superado, principalmente se houver auxílio externo. E o auxílio externo se dá pela presença de três personagens: a fazendeira, a sacerdotisa e a elfa. Todas possuem interações para com ele de modo a tentar tirá-lo de sua casca. E uma grande evolução ocorre nos episódios finais que brinda os esforços delas em ajudá-lo a superar o trauma.


Diálogos e o silêncio  


A série nos brinda com muita reflexão, pois muito do que se apreende da série não é feito pelos diálogos. O personagem principal pouco fala, então, o que aprendemos da série é pela reflexão e pelos sentimentos dos personagens. Por exemplo, após o ritual de ressurreição com a virgem, ele diz à sacerdotisa que ela não ficara com nenhuma cicatriz. E ele não estava apenas se referindo à mordida do Goblin, que quase arrancou o braço dela. Em todas as mesas de RPG, existe um custo para se ressuscitar algum personagem. No caso da ressurreição usando virgens, o custo pode variar, desde EXP, até o próprio sangue da virgem. Ao afirmar que ela não havia ficado com cicatrizes, pode-se dizer que ela não arcou com custo algum. Ela foi poupada.

Já  nas cenas do diálogo do Goblin Slayer, com a Donzela das Espadas, ele se surpreendeu por ela estar indefesa à mercê de seu medo de Goblins. Sim, a dama que vencera o rei demônio adquiriu um trauma e fobia à Goblins e ele disse não compreender isso. Novamente, muita introspecção. Voltando ao passado dele, ele viu todo o horror. Ele conseguiu caminhar e se dedicar a uma causa. E, provavelmente, ele presenciou sua irmã ser firme até à morte, sem cair em desespero. Por sua experiência própria, Goblin Slayer não entende por que ela, a Donzela das Espadas, ainda estava cativa desse medo. E, todavia, ele ainda estende a mão, tentando ajudar. Quando ela suplica: “Você não pode me ajudar?”, ele responde: “Não! Mas se precisar, chame-me e eu matarei todos os Goblins para você!”, e a dama pergunta: “Mesmo em meus sonhos?” e ele responde com firmeza: “Sim! Eu sou o Goblin Slayer!”. Nesse momento do diálogo, que quase decorei, ele a auxilia a se livrar de se medo, tornando-se ele mesmo um objeto de consolo e de suporte para ela. Em momentos de fobia, Goblin Slayer agora é, para a Dama das Espadas, um auxílio emocional. E o negócio funcionou bem!

Então, a série te obriga a buscar as interações, as emoções dos personagens para poder entender o que os diálogos apenas tocam superficialmente. Isso fortalece o lado sensível do cérebro para compreensão das interações humanas, além de ajudar na pesquisa e na busca por conhecimento. Por exemplo, aposto que muita gente foi no YouTube procurar por explosão com farinha de trigo! Eu fui!





Os Goblins

Outra coisa impressionante na obra é o respeito para com a mitologia dos personagens. Apesar de algumas pessoas insistirem que a série destruiu a cultura Goblin, eu digo que a reconstruiu como ela era de fato. New World Encyclopedia[4] descreve-os em sua essência maligna: “A goblin is a mythical creature of Germanic and British folklore, often believed to be the evil, or merely mischievous, opposite of the more benevolent faeries and spirits of lore. Like many such creatures, there is no single version of a goblin; the term is more generic for those small creatures that live in dark places and cause trouble, but in more recent years, the term has become more concentrated on green-creatures that live in caves and terrorize children.

Despite local variations, goblins have almost universally been described as troublemakers. They are either simply tricksters and mischievous, like immature children, or malevolent, evil-doers dangerous to human beings. Like many similar creatures, they have the characteristics of spirits rather than beings existing in the physical world. Thus, they share similarities with ghosts and and also with demons as associated with some Christian teachings and lore”.

Os Goblins retratados na série são os mesmos retratados em muitas mesas de RPG, com a união de diversos elementos para transformá-los em seres únicos. Por exemplo, notaram que não existe uma goblin fêmea? É por essa razão que eles capturam fêmeas de outras espécies. É a forma cruel e nojenta de conseguirem se reproduzir. E como dizem na série: O Deus da Justiça veio para revelar que o mal existe! Sim, ao presentar a audiência com a essência mais cruel destas criaturas, o autor da série nos mostra o óbvio, existe o mal e ele deve ser combatido.





Concluindo

Dessa forma, a audiência foi brindada com uma série complexa, que mostra exemplos de superação de traumas, com um herói que lembra em muito os heróis medievais que, mesmo conturbados, lutam por ti. GS entra em cavernas para ir ao seu resgate, mostrando aos jovens que eles podem ser destemidos, honrados e que devem sempre proteger. A série resgata a sensação do mal, que foi abafada pela conduta dos intelectuais de Frankfurft e sua moral relativa. A série te ensina a exercitar o lado afetivo e emocional, a se aprofundar não somente no que é dito, mas no que está no silêncio dos personagens. Além disso tudo, ele resgata a natureza perversa dessas criaturas mitológicas e deixa o alerta no ar de que o mal existe.

Por isso, e muito mais que não consegui inserir no texto, Goblin Slayer foi a melhor série da temporada passada!









[1] Porta Educação, lido em 18/12/2018 em: < https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-importancia-da-leitura-dos-contos-de-fadas-na-educacao-infantil/30151>
[2] Tolkien Brasil, lida em 18/12/2018 em: < http://tolkienbrasil.com/mitopoeia/tolkien-e-a-mitologia-para-a-inglaterra/>
[3] Berrini Psicologia, lido em 18/12/2018 em: < https://www.psicologosberrini.com.br/psicologia-e-psicologo/traumas-psicologicos/>
[4] New World Encyclopedia, lido em 18/12/2018 em: < http://www.newworldencyclopedia.org/entry/Goblin>

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